Localizado na Rua Benjamin Constant, nº 74, o histórico prédio da Igreja Positivista do Brasil, o Templo da Humanidade, foi interditado para a visitação pública, bem como para o uso interno da instituição para quaisquer atividades, incluindo pesquisas.
A sede da Igreja Positivista recebeu a vista de técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/RJ), que determinaram a suspensão do acesso à edificação, diante das suas más condições de conservação. Moradores do bairro, especialmente da Benjamin Constant temem pelo pior, uma vez que a construção se encontra em estado ruinoso.
No dia 17 de dezembro, o Templo da Humanidade, postou um comunicado nas redes sociais sobre a suspensão da visitação recomendada pelo órgão de proteção patrimonial: “Em virtude de visita de fiscalização realizada pelo IPHAN/RJ, recebemos um ofício do mesmo, no qual foi atestado que o Templo da Humanidade, sede da Igreja Positivista do Brasil, encontra-se impossibilitado de receber visitação pública. Cabe ressaltar que o prédio e o seu acervo são tombados pelo IPHAN. Consequentemente o acesso à pesquisa, às atividades no interior do prédio bem como na área externa não estão permitidas no momento”.
O prédio conta com tombamento em níveis federal (IPHAN), estadual (INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) e municipal (IRPH – Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) e é um marco da História do Brasil. A edificação foi erguida entre 1891 e 1896, representando um dos principais legados da Religião da Humanidade, doutrina erigida pelo francês filósofo Auguste Comte.
O Templo da Humanidade abriga um acervo histórico importantíssimo para a História do Rio de Janeiro e do Brasil. Na primeira década dos anos 2000, foi furtada de suas dependências a tela com o desenho da bandeira do Brasil, do pintor Décio Villares. O grave crime se deu em 27 de abril de 2010. A imagem, de 1889, era o modelo da bandeira brasileira, tal como a conhecemos atualmente.
A tela estava guardada em uma caixa de madeira, protegida por um vidro. O furto não envolveu violência, só o desatarraxar de parafusos. Com muita facilidade e simplicidade, o ladrão levou embora uma relíquia de valor inestimável para a memória nacional.
Apesar do nome, Templo da Humanidade, o espaço jamais foi um templo religioso, mas um ponto de encontro de positivistas, que seu reuniam para debater ideias. Em agosto de 2010, o G1 lembrava o desabamento do teto da histórica construção, que teria acontecido no ano anterior, após uma forte chuva. Na ocasião, o IPHAN informou que verbas seriam liberadas para a realização das obras emergências necessárias para a proteção do patrimônio cultural ali abrigado
Em suas dependências estão guardados objetos de grande importância histórica, como a cama que teria pertencido a Tiradentes, uma biblioteca de livros antigos e raros, além de utensílios pessoais de Miguel Lemos e Teixeira Mendes, os dois fundadores da Igreja.
Na fachada do templo é possível ler o lema que inspirou a bandeira nacional: “O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”. É preciso amar as riquezas da própria terra, especialmente aquelas que são formadoras da alma de uma nação. Sem ordem, não há progresso, e sem cultura é impossível haver civilidade.