O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) selecionou mais de 30 imóveis históricos do Centro do Rio para a realização de vistorias em razão do risco de colapso dessas construções. O anúncio vem após a queda de dois casarios centenários, sendo um deles na Lapa, há pouco mais de duas semanas, e outro próximo à Central do Brasil, na semana passada. Os episódios, é claro, acenderam um alerta para o estado precário de diversas edificações da região, muitas delas em “péssimas condições”, como relatado pelo próprio Itamaraty.
A medida visa garantir a segurança da população, especialmente com a chegada do período de chuvas intensas, que, segundo o escritório de representação do Itamaraty, pode agravar ainda mais a situação dessas construções. A embaixadora Márcia Maro da Silva enfatizou que, além da estrutura física das edificações, alguns desses imóveis foram invadidos por famílias, o que torna o risco ainda maior.
Segundo informações da BandNews FM, no ofício enviado à Secretaria de Estado da Defesa Civil, o Itamaraty destacou a necessidade urgente de vistorias para prevenir novos desabamentos, especialmente nas áreas mais vulneráveis da Região Central. A Defesa Civil, no entanto, afirmou que a responsabilidade pela fiscalização e as medidas de segurança desses imóveis cabe à Defesa Civil municipal, que, por sua vez, alegou não ter recebido nenhum pedido formal do Itamaraty para realizar as vistorias nos imóveis citados.
Em paralelo, a Câmara Municipal do Rio, liderada pelo presidente Carlo Caiado, também está tomando providências. Em conjunto com os vereadores Pedro Duarte e Talita Galhardo, ele apresentou um Projeto de Lei que concede ao Poder Executivo a possibilidade de intervir em imóveis abandonados. A proposta visa permitir que a Prefeitura realize reparos nesses locais após a emissão de notificações aos proprietários. Caso os donos não atendam à solicitação, o município poderá desapropriar as propriedades.
Enquanto a Prefeitura do Rio estima que 160 imóveis na cidade estejam em risco de desabamento, o grupo SOS Patrimônio apresenta um panorama bem mais grave. De acordo com um levantamento recente, a cifra chega a impressionantes 750 casarões em péssimas condições de conservação, apenas na área central da cidade. As áreas mais prejudicadas seguem sendo todo o entorno do Campo de Santana e a região da Lapa, historicamente menos valorizadas. Alguns imóveis, atualmente, forma invadidos e transformados em moradias populares — os famosos cortiços — e, dependendo da região, em prostíbulos e hotéis de procedência duvidosa.