Calculando o metro quadrado de área de lazer por habitante em bairros da cidade do Rio de Janeiro, é possível notar que áreas como Jacarezinho, Cidade de Deus, Rocinha, Penha, Ramos, Complexo do Alemão, Vigário Geral e outras estão entre as regiões que menos têm espaços dedicados a esse direito constitucional.
O Instituto Pereira Passos, da Prefeitura do Rio, mapeia a cidade através do documento digital intitulado Uso do Solo. Este material mostra cada uma das áreas de lazer do município. Foram esses dados que a reportagem do DIÁRIO DO RIO consultou.
De acordo com o Instituto “são áreas destinadas ao lazer, contemplativo, esportivo e cultural, como praças, parques, vilas olímpicas, clubes, complexos esportivos, temáticos, estádios, museus, bibliotecas, planetário, observatórios, centros culturais etc., ressaltando que as áreas verdes expressivas dentro de grandes parques públicos estão representadas nos seus respectivos temas relativos à vegetação”.
Dados do Instituto Pereira Passos. Vale destacar que praias não entram na estatística, por isso Copacabana aparece entre os bairros com menos áreas de lazer.
“Levar seus filhos para um parquinho ou ensiná-los a andar de bicicleta, sentar-se à sombra de uma árvore fugindo do calor carioca para ler um livro, ou conversar animadamente com seus vizinhos, ou mesmo fazer uma pequena caminhada: hábitos comuns em uma área de lazer de um bairro. Mas acredite que, no Rio de Janeiro, se você consegue fazer isto tudo é porque você é privilegiado“, afirma o geólogo Hugo Costa.
A Constituição Federal, em seus artigos 6º e 215, reconhece a todos os brasileiros o direito à cultura e ao lazer. Essas garantias visam assegurar uma melhor qualidade de vida e o pleno desenvolvimento pessoal e social dos cidadãos.
“É simbólico que os locais com menos áreas de lazer sejam favelas ou regiões negligenciadas por décadas pelo Poder Público. A falta desses espaços para diversão e descanso ocasiona em diversos outros fatores sociais que vemos em nossa cidade“, frisa a pesquisadora Ana de Souza.
Moradora da Cidade de Deus, a vendedora Marcela Lima fala sobre a dificuldade para encontrar espaços de lazer. “Nem nós, nem nossos filhos encontramos muitos lugares para esse tipo de diversão. Muitas vezes, temos que ir para outros bairros”.
Aí, quando os moradores das regiões mais carentes querem se deslocar com os filhos para acessar áreas de lazer em outros pontos da cidade, têm que pagar quanto mesmo pelas tarifas de transporte (que foi privatizado para enriquecer empresários financiadores de campanha)? O transporte atende satisfatoriamente? As famílias têm orçamento para arcar com as passagens?
Tempos atrás, quando eu sugeri que as passagens fossem barateadas pelo menos nos finais de semana e nos feriados para estimular as pessoas a circularem pela cidade, vários comentários aqui, muitos deles destilando ódio direitista, defendiam que valor da tarifa baixo não tem nada a ver com maior ou menor uso do transporte. Segundo a “lógica” desses lunáticos, não é uma passagem barata que vai estimular o sujeito a sair de casa. O artigo acima dá uma boa dica que é exatamente o contrário.
Transporte coletivo (TODOS os modais) mais barato nos finais de semana e feriados, JÁ! E não me venham com só 20% de redução, pois isso é cinismo. Desconto de 50% ou mais nas tarifas de transporte!