Jackson: “A arte de fazer inimigos”

Jackson Vasconcelos conta as histórias de amizades e traições dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro desde Miro Teixeira com Chagas Freitas a Eduardo Paes com Cesar Maia

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Eduardo Paes, Rodrigo Maia e Cesar Maia

Quintino registrou “Eduardo Paes e a arte de fazer inimigos“. É verdade. Eduardo Paes, nesse campo, age com propriedade: faz inimigos, assim como faz amigos, com a mesma velocidade, mas nunca na mesma proporção, pois ele tem vencido eleições e ao que eu tenho visto poderá vencer mais uma, pois até aqui falta-lhe adversários à altura.

Eduardo Paes é a melhor demonstração de um comportamento comum na política: as conveniências. Aquilo que o cidadão não político chama de traição, a política lê como conveniência. Em todo o lugar é assim no globo terrestre, de norte a sul, de leste a oeste. Mas fico, para efeito de demonstração, com a política carioca, pela curiosidade dos movimentos.

Enquanto foi conveniente ao Miro Teixeira ter uma ligação estreita com o governador Chagas Freitas, assim ele fez até acreditar que para ser prefeito do Rio deveria abandonar o antigo padrinho, o amigo de bastante tempo. Deu com os burros na água. Sabe-se que Chagas Freitas morreu sem perdoá-lo.

Cesar Maia surgiu na política com o apoio de Leonel Brizola, que deu a ele funções proeminentes, a ponto de torná-lo um candidato competitivo para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Brizola, contudo, acreditou que na eleição de 1992, seria ainda cedo demais para concordar com o desejo do amigo de ser prefeito do Rio. Cesar Maia, então, livrou-se do Brizola, fez uma campanha duríssima contra ele e contra a candidata dele, Cidinha Campos, que morreu na praia. Com mais sorte ou inteligência que Miro Teixeira, Cesar Maia chegou à prefeitura e fez de Luiz Paulo Conde seu sucessor. Conde manteve-se amigo de Cesar Maia, enquanto lhe foi conveniente. Para continuar prefeito chutou o antigo aliado e, como aconteceu com Miro, deu com os burros na água.

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Chegamos ao Eduardo Paes e para quem conhece o enredo pode ser cansativo repetir. Faço-o em respeito a quem não conhece. Eduardo Paes foi amigo de Cesar Maia até ser mordido pelo desejo de chegar à prefeitura antes do tempo determinado pelo padrinho. Então, Eduardo rompeu relação com Cesar Maia, fez uma campanha duríssima contra o ex-amigo, com acusações as mais estranhas e venceu a eleição. Uniu-se ao Sérgio Cabral e ao Lula e assim ficou até que a companhia dos dois fosse incômoda. Então, voltou, no primeiro momento, aos braços do Cesar Maia e, logo depois, ao aconchego do Lula. Certamente, não se atreveria a voltar a conviver com Sérgio Cabral. Sabe-se lá.

Tenho uma dúvida: haverá alguém, nas próximas eleições, que sendo hoje amigo do Eduardo Paes venha a ser inimigo dele, quando for contrariado?  O futuro a Deus pertence.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Dudu Paes (palho), se elegeu em 2020 graças há 02 espetaculares Cabos Eleitorais, Witzel e Crivella. Dudu Paes sempre foi mais midia do que prefeito.
    O problema, é que nosso estado e Municipio/Capital, sofre com a nossa medíocridade como povo e que obviamente, reflete nos candidatos e “gestores” (PQP). Na realidade, não existe ainda (e deve demorar), nomes MENOS escrotos para Comandar essa bagaceira que se tornou o Rio (Estado e Capital).

    A saúde municipal do Rio está entregue. Lamentável.
    Segurança? Lamentável
    Transporte? Lamentável. Foram “criados” BRT (Desde Olímpiada sendo construído), VLT, que transformou o Centro em uma Barafunda, colaborando com o novo título de “Gothan City” da medíocridade, sendo que o Hospicio Arkan é o prédio Piranhão.
    Foi criado também o Genial BRS….acredito que o filho do Piciani era o secretário da época.
    Ou seja, o povo carioca, foi vitima de sua própria medíocridade.
    Desde do final da Decada de 70 governantes medíocres, escrotos, irresponsáveis, etc

  2. Olhando friamente, hoje seria difícil deixar de ser amigo do Paes. Diferente de outras edições, os “inimigos” nasceram de outros ovos, e não do mesmo ninho. Hoje há as fatias que se dizem “conservadora” e de “esquerda” (até que seus próprios interesses se choquem com os ideais). E esses fazem uma oposição muito mais consistente e relevante que em outros momentos.

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