Jackson: Ascensão e Queda de Cesar Maia

Jackson Vasconcelos conta como a história do Rio de Janeiro poderia ser pior sem Cesar Maia e como os filhos o levaram a perder o poder político

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Foto: Renan Olaz/CMRJ

Há uma certa vantagem em lidar com a política do Rio e não ser jovem. Eu, por exemplo, sei que a situação do Rio poderia estar pior hoje. Bem pior. Bastaria que Cesar Maia não conseguisse ser candidato a prefeito em 1992. Leonel Brizola quis Cidinha Campos. Imagine se conseguisse! Com ela na Prefeitura do Rio, teríamos a repetição do resultado que Saturnino Braga obteve. Ele derrotou Rubem Medina em 1985, numa eleição que não permitia segundo turno, prestigiou Jó Resende e levou o Rio à bancarrota.

Uma revolução administrativa

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Cesar Maia venceu em 92, deu um tranco na gestão da cidade, resolveu o legado ruim deixado por Marcello Alencar e mudou a tendência de se ter um futuro pior. Ele criou a Controladoria, entregou-a ao professor Lino e fez com que cada tostão tivesse a produtividade de um milhão. Cesar criou novas lideranças; descentralizou a gestão sem descentralizar o caixa para não ter aborrecimento e desperdício. Parecia ser a reencarnação do Carlos Lacerda. Quem sabe, não é?

O estado não teve a mesma sorte, pois Cesar Maia perdeu a eleição para o governo em 1998. Anthony Garotinho venceu e por isso, houve Benedita da Silva, Rosinha Garotinho e depois Sergio Cabral. No vai e volta da vida pública, Cesar Maia perdeu ou renunciou ao brilho em favor do filho Rodrigo Maia. Por conta disso, empurrou Eduardo Paes para o colo do Cabral e o Rio pagou o preço alto de ter um prefeito refém do governador, quando por aqui jorrou dinheiro para Olimpíadas e Copa do Mundo. Deu no que deu. Eduardo quase naufragou e para voltar à prefeitura, ele precisou do interstício Marcelo Crivella. Se Cesar e Eduardo permanecessem juntos em 2006, Sérgio Cabral não teria conseguido derrotar Denise Frossard.

Os filhos de Maia

Rodigo Dani e Cesar Maia Jackson: Ascensão e Queda de Cesar Maia

Rodrigo Maia não correspondeu às expectativas do pai, teve glória passageira e fez Cesar contentar-se com uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, após sofrer várias derrotas na disputa por outras posições. Eduardo Paes voltou ao arraial dos Maia por falta de uma alternativa razoável que tirasse dele o selo do Cabral. Retornou ressabiado, um tanto constrangido com o que andou a falar sobre Cesar Maia. Na última eleição, Cesar Maia tentou fazer pela filha, Daniela Maia, o que já fez pelo filho Rodrigo e o resultado foi pior, o PSDB deles não fez uma cadeira para deputado, federal ou estadual, e Daniela ainda ficou em terceiro na chapa.

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Pena. Cesar Maia teria dado uma contribuição maior ao povo do Rio de Janeiro se os filhos ficassem longe da política. Ele teria evitado que Eduardo Paes fizesse as besteiras que andou fazendo e Eduardo teria conseguido que Cesar alçasse voos mais altos. No ano que vem, Cesar deve ser candidato à reeleição para vereador, numa situação de elevado risco, pois terá do prefeito Eduardo Paes nada mais do que gestos de caridade eleitoral. E o Rio segue numa história que parece uma sina ou uma saga.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.
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8 COMENTÁRIOS

  1. Fez uma boa gestão administrativa. O Rio-Cidade foi bom em alguns bairros, depois virou demagogia pura, com acabamentos pobres nos subúrbios e na ZS. Algumas opções estéticas ruins, desistiu de enterrar a fiação aérea, etc. O Favela-Bairro, sem contenção, plano e fiscalização, deu no que deu. Faça a viagem de bondinho de Sta Teresa e caia na real: a cada mirante um mar de favelas cercando a cidade. O ordenamento urbano contra a camelotagem foi ótimo, por um tempo. César Maia foi um esperto, mas não se pode enganar por muito tempo. Em determinada entrevista, ele, um brizolista histórico, foi perguntado se tinha se tornado “de direita”, com todo aquele discurso de “ordem”, que ele adorava falar, esticando o “R”. Ele deixou claro que apenas estava ocupando o vácuo deixado pela direita na capital. Exato, entendeu quem quis. Suas políticas públicas e secretariado sempre foram de esquerda, ou, nas palavras dele e do júnior: de uma “direita civilizada, do século XXI” e assim seguiram seus subprefeitos, Paes e quejandos. Enquanto isso, a esquerda fazendo oposição feroz, porém fingida, ao seu “cavalo”. Quando a direita, digamos, mais autêntica apareceu, caíram no ostracismo esses tipos políticos: Maias, Alkmins et caterva. Foi isso, a farsa acabou.

  2. Só coisa boa. Programa Favela bairro, uma tremenda maquiagem urbana… que acabou incentivando a expansão das favelas… Liberou as vans, que logo passou à exploração da milícia…

  3. Deve ter caído dinheiro na conta.

    Essa semana teve afago do Quintino ao inepto Cláudio Castro. Hoje, tentativa de sincronismo de atrelar o Paes a esquerda e críticas ao pai do Paes, César Maia pelo Jackson.

    Blitzkrieg dos lacaios da “elite” carioca.

    • Errado. César Maia nunca foi de esquerda. Esse sempre gostou de dinheiro e poder. Um político muito habilidoso e muito bem relacionado com a turma da grana e do poder.

      Brizola jamais foi Brizolista, esse sim um legítimo esquerdista. Coisa que não exista mais.

      Cesar Maia foi CONDENADO pela justiça por falar besteira sobre o Brizola ter facilitado o crime no RJ ou ser conveniente com o crime.

      Em 2009 a justiça fixou o valor de R$ 84 mil, a título de danos morais. Como o ex-prefeito deve quantia próxima a R$ 134 mil ao espólio de Leonel Brizola, depois da devida compensação, César Maia teve ainda que indenizar em RS 50 mil à família do ex-governador.

      Além disso, o Rodrigo Maia é casado com a filha da mulher do Moreira Franco. Principal responsável por dinamitar o governo do Brizola época.

      Não fale besteira, papagaio de Zap.

      • Mauro papagaio esquerdista. Na sua concepção, o posicionamento político de um sujeito está na sigla do partido, nominalmente, ou nas brigas e processos entre eles. Isso é o que se chama de conhecimento enciclopédico das coisas, no lugar de observar a realidade. César Maia foi presidente do Banerj no governo Brizola, foi do PDT até “brigar” com Brizola. Foi do movimento estudantil quando jovem e foi exilado no Chile na ditadura. Mas calma, pro Mauro papagaio, César Maia nunca foi brizolista nem de esquerda! Você pode estar em um partido NOMINALMENTE de direita, mas se suas políticas públicas e secretariado são de esquerda, seu governo É de esquerda. Isso é o óbvio.

        • Nada a ver.César Maia FOI de esquerda.Depois,ele se endireitou e
          passou a cospir fogo contra a esquerda,com o apoio da Globo.
          Aqueles arrastões armados pra prejudicar a Benedita deram certo.
          Ele deixou de ser brizolista de 91 pra 92,antes do Marcelo Alencar
          fazer o mesmo movimento.

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