Jackson: “Com quem será? Com quem será?…”

Para Jackson Vasconcelos, o modo como funciona as campanhas e as eleições no Brasil, o eleitor é sempre o derrotado

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A mediadora Ana Paula Araújo e os candidatos, da esquerda para a direita, Cláudio Castro (PL), Marcelo Freixo (PSB), Rodrigo Neves (PDT) e Paulo Ganime (NOVO), no estúdio do debate entre candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro.Crédito: Globo / João Miguel Junior.

O modo como funciona o sistema adotado pelo Brasil para as campanhas e eleições faz com que os eleitores sejam sempre derrotados. O que se viu no debate entre os candidatos ao governo do estado é exemplo. Ele aconteceu do mesmo modo como tem acontecido nas eleições para o governo do Rio, pelo menos desde a campanha de 1998, quando Garotinho derrotou César Maia.

Valeram as acusações mútuas e a ausência de racionalidade no script produzido pelos veículos. Esteve presente a caixinha de surpresas, onde ficam depositadas as indicações dos temas para sorteio e ficou ausente do debate a liberdade para os candidatos escolherem os adversários para o confronto direto. A superficialidade é qualidade essencial para quem participa dos debates onde todo e qualquer tema precisa caber nos tempos curtos para explanação, réplicas e tréplicas. Houve também o engodo do “direito de resposta”.

Paulo Ganime esteve melhor que os demais candidatos. Primeiro, por ser eloquente e estar bem à vontade na composição do discurso e da campanha. Não tem compromissos com os agentes políticos do estado nem da imprensa. Ganime nunca governou, não nomeou, não foi nomeado, não precisou tomar decisões rápidas e efetivas com a espada da lei em cima da cabeça. Ganime, então, pode atirar a primeira, a segunda, a terceira, a quarta até a milésima pedra naqueles que ele acusa.

O debate foi embalado com a garantia dada pelos candidatos de não serem presos durante o mandato. Cláudio Castro, como está na cadeira que os adversários querem ocupar, foi o alvo preferencial. Desviou-se bem dos tiros que foram na direção dele. Comportou-se com equilíbrio.

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Encerrado o debate, ficou claro que o eleitor desempregado não terá dificuldade para acertar na escolha, porque todos os candidatos prometeram empregos para todos e para qualquer um. Quem anda com medo da violência que está nas ruas ou daquela que vai até a sua casa não errará na escolha, porque todos os candidatos estão prontos para fazer do estado um lugar de paz, um paraíso na Terra.

Para a educação? Fique tranquilo o eleitor que não estuda ou que estuda e não aprende, pois os candidatos, todos eles, no debate, mostraram preocupação com o problema e prometeram solução.

Ao comparar o último debate na TV Globo com o último debate na mesma TV no ano de 2018, podemos dizer que Cláudio Castro substituiu Witzel; Rodrigo Neves substituiu Eduardo Paes; Marcelo Freixo ficou ali entre Paes e Tarcísio, com vantagem para Eduardo Paes, que lhe emprestou o profissional de marketing. Paulo Ganime foi o outsider, um atirador de elite protegido pela trincheira que a falta de um histórico de ação política concede. 

O eleitor está agora com a tarefa de escolher. Está em desvantagem, por ter um pequeno leque de opções, já que os partidos têm donos e seus donos são os donos da bola e do campo e, portanto, decidem quem joga.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.
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