Jackson: Tragédia ou comédia? As suspeitas de fraudes nas compras feitas pelo Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro

Para Jackson Vasconcelos, verdade se diga: a intervenção foi um fiasco. O resultado é uma comédia que se estende no tempo.

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Rio de Janeiro - RJ - 10/09/2019 - Entrega do Gabinete de Intervenção Federal de 27.424 pistolas Glock. FOTO: Philipe Lima

O povo brasileiro é inigualável! É bom de tragédia e melhor ainda de comédia. Vejam essa de hoje. Há suspeitas de fraudes nas compras feitas pelo Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro. Tragédia ou comédia? Hein?

Olhemos primeiro como tragédia e nesse ponto, dispensa-se a suspeita de fraudes nas compras, pois para classificar-se a intervenção como tragédia, suficiente é verificar os resultados obtidos por ela comparados com o objetivo dela. Contabilizem, por exemplo, o assassinato de crianças que dormiam, brincavam na porta de casa ou no pátio dos colégios.

O ato de força do Presidente da República, no tempo, Michel Temer, teve como argumento formal “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro”. Conseguiu? Certamente, não. Eu, pelo menos, não me senti mais seguro por aqui, nem antes, durante ou depois da intervenção. Tudo está pior do que esteve no tempo antes da intervenção. É desse modo que percebo a ordem pública. 

A comédia ficou por conta do modelo de intervenção criado pelo ex-presidente Michel Temer. Ele fez no modelo como geralmente se faz qualquer coisa no Brasil: com jeitinho. Temer criou a novidade de uma intervenção no estado mantendo a autoridade do governador, em tese, o gestor responsável pelo “grave comprometimento da ordem pública” e colocou o General Braga Neto no comando só das polícias. Coitado do Braga Neto! Otimista demais, ele aceitou ser candidato a Vice-Presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro. Por isso, agora, teve o sigilo telefônico violado por decisão da Justiça. Ou estarei eu sendo maluco quando afirmo que há uma “guerra fria” no ambiente político? 

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Opa! Cantemos! “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar. Vamos dar meia-volta, volta e meia vamos dar”.

Todos os dias, durante quatro anos, a imprensa madrugava para acompanhar operações de busca e apreensão, prisões, quebras de sigilo e coisas tais. Envolvidos o PT, PP, PSDB e perepepe! A política virou um inferno. Uma tragédia! Prenderam dois ex-presidentes, Lula e Temer. E assim seguimos até que o juiz prendedor preferiu ser ministro. A ciranda, então, parou por um tempo e agora deu meia-volta – volta inteira. Quem estava preso foi solto, quem estava solto foi preso. Os processos de quem estava preso perderam valor e valorizaram os processos criados contra quem estava solto.

“O anel que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou”.

A cantora Ana Carolina desabafou no tempo das primeiras prisões e operações: “Tudo isso que está aí no ar: Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais…”

Se ela se aborrecer novamente, quem sabe não falará sobre jóias (o anel de vidro), cartões de vacina e bilhetes sobre um provável golpe?

Verdade se diga: a intervenção foi um fiasco. O resultado é uma comédia que se estende no tempo.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Se houve desvio de verbas sob comando de um militar, isso provavelmente será um ponto fora da curva.
    Ainda assim, é até para solidificar a certeza, seria interessante passar um pente fino nas compras feitas pelas forças armadas, não?

  2. “provável” golpe? a bandidagem vai pra cadeia e, em breve, a cadelada mandante também. que seja feita justiça. e nestas compras, nada de novo, vindo de onde veio.

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