Por que Felipe Santa Cruz desistiu de ser candidato a governador para ser vice na chapa do Rodrigo Neves? A razão verdadeira só ele e o dono da candidatura dele, o Prefeito Eduardo Paes sabem, mas é papel dos analistas de política tentar ler os movimentos dos agentes do jogo.
A leitura autoriza todo tipo de avaliação para a decisão. Por isso, é possível ir da imaginação de existir uma sofisticada decisão estratégica no corpo de um projeto político bem elaborado, até à simples rendição. Para mim é rendição sem estratégia, porque Eduardo Paes já se convenceu que Felipe Santa Cruz não dará conta do trabalho de eleger os federais que interessa a ele. E, como o governo dele anda mal das pernas, ele não pode correr risco.
O governador Cláudio Castro caminha como favorito, apesar das pesquisas apontarem um empate entre ele e Marcelo Freixo. Garotinho tenta emplacar a candidatura no partido União Brasil, mas os sinais vão da dificuldade extrema à impossibilidade absoluta. Sendo ou não candidato a governador, Garotinho já aceitou o papel de dificultar a reeleição do governador.
Na política, Cláudio Castro já resolveu a fatura. Resta agora ouvir o povo. Marcelo Freixo terá dificuldade para encarar uma agenda conservadora, num estado onde os evangélicos e os católicos frequentadores da igreja não compram o aborto, o casamento gay e outras pérolas.
Tudo indica que a estratégia criada e executada por Rodrigo Abel, articulador do governador, deve funcionar. Ele conseguiu colocar quase todos os partidos existentes no estado debaixo das asas do governador e com isso impediu novidades. Posicionou Washington Reis na cadeira de Vice-Governador e isolou Eduardo Paes na Capital.
Passada a eleição para o governo do estado, se Cláudio Castro vencer como se imagina. Freixo será candidato contra Eduardo Paes e Rodrigo Neves voltará para Niterói para repetir com Axel Grael o que fez César Maia com Conde.
Falta saber quem será o candidato a vice-governador na chapa do Marcelo Freixo. Fala-se que poderá ser César Maia. Se for, é ruim para o César e pior para Freixo, porque ele continuará preso às fronteiras da capital e colocará César na posição difícil de ter sido derrotado mais uma vez.
Portanto, tudo parece correr bem no arraial do Cláudio Castro. Já no quintal do Eduardo Paes a coisa me parece, não anda nada bem. Ele livrou-se da obrigação de vencer a eleição para o governo do estado com o candidato que escolheu, mas precisará mostrar poder com a eleição dos aliados mais próximos.
Como se vê, até aqui o eleitor tem sido irrelevante. Útil somente para pontuar as pesquisas de intenção de votos. Como não há, no conjunto, candidatos que conversem com ele, reafirma-se a possibilidade de vitória do Cláudio Castro. Em outubro, saberemos o que o eleitor acha de tudo isso.
Façam suas apostas.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.