Sempre critico a imprensa carioca, normalmente parece que o maior interesse é a publicidade governamental. Mas nunca vi chegar em um nível como chegou o Jornal do Brasil, basta ver este editorial elogiando o Eduardo Paes que é de uma “puxação de saco” lamentável. E isso em uma semana com as denúncias de mortes do Salgado Filho. Se isso é exemplo de funcionário, dá para entender porque o JB está falido.
Mas o pior não é isso, se não é aceitável, dá até para passar, podemos pensar até que eles foram irônicos. Mas este editorial, que o Caos Carioca chamou atenção, é de dar nojo. Como resposta a uma suposta entrevista da primeira-ministra, Angela Markel, em que ela criticaria a presidenta Dilma (nada diferente do que ela ou Lula fazem), o JB faz a seguinte declaração:
O Brasil não aceita nenhum tipo de observação de uma chefe de estado de um país que sanguinariamente destruiu navios e matou brasileiros, sob o comando de um ditador louco.
A nossa politica econômica não pode sofrer reprimenda de quem, para nós, comanda uma política econômica arbitrária, sanguinária, permitindo conflitos de jovens como vêm acontecendo na Grécia, Espanha, Itália e Portugal.
Nós, brasileiros, não aceitamos repreensões da chefe de estado de um país que queimava homens vivos em campos de concentração, como aconteceu com seis milhões de judeus em Auschwitz, Treblinka e Majdanek, entre tantos outros.
Viva a presidenta Dilma.
Como o Jan, do Caos Carioca, fala a matéria que o JB destaca não é da suposta entrevista e sim uma matéria sobre o “tsunami cambial”, e não fala qual seria o inteiro teor da entrevista. E mesmo que ela tenha existido não caberia este exagero xenofóbico e racista do jornal com todo o povo alemão.
Não tenho sangue alemão, não que eu saiba, um pouco de português, índio, irlandês, francês e por aí vai. Mas já imaginou se fosse o “Der Spiegel” a falar o mesmo do Brasil, sei lá, que tivemos um Imperador que saia com todas as mulheres da corte? Aqui iria ser motivo até de Jornal Nacional pedindo para queimar todos os jornais que encontrássemos.
O JB esquece da parceria que envolve os governos do Brasil e da Alemanha nestas últimas décadas, para deixar um caso mais recente a Companhia Siderúrgica do Atlântico, feita com dinheiro alemão. Comparar a atual Alemanha com o período nazista é estupidez, jornalismo porco ou querer muito puxar o saco da Dilma. E ainda culpar o país pela crise da Grécia, como se fossem os alemães quem obrigou os gregos a escolherem tão mal seus líderes. Não sei quem escreveu isso mas mostra um desconhecimento total de economia, história e política. E olha que é um editorial…
E como o JB hoje é só online, nem para embrulhar o peixe mais serve…