Juliana Benicio: O Pato de Castro

Colunista do DIÁRIO DO RIO opina sobre o programa ''Pacto RJ'', do Governo do Estado

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Cláudio Castro - Foto: Philippe Lima

Um traço inconfundível do governante populista é a capacidade de maquiar ações desenvolvidas em proveito próprio como se fossem serviços para a população. Para tanto, milhões de reais são gastos com agências de marketing capazes de embrulhar veneno e vender como produto light. O governador Cláudio Castro é um excelente exemplo dessa falcatrua. Ele lançou o programa ”Pacto RJ”, que de ”pacto” não tem nada, pois a única parte interessada é ele mesmo. Poderíamos apelidá-lo de Pato RJ, pois quem vai pagar esse pato é o cidadão que mora aqui.

O referido pato, quer dizer ”pacto”, é um programa de investimentos, a ser aplicado, em sua grande parte, em infraestrutura. Aparentemente legal, investimento! Mas prestemos atenção ao rabo desse pato. Segundo dados do jornal ”O Globo” de 13 de dezembro de 2021, dentro desse ”pacto” encontramos um pacote de 76 obras de pequeno porte, com 80% delas com previsão de entrega até 2022. Sabe o que isso quer dizer? Cláudio Castro vai passar o período pré-eleitoral de 2022 inaugurando pequenas obras pelo estado do RJ.

Dentro desse pacote de pequenas obras encontramos pórtico em Engenheiro Paulo de Frontin, campos de futebol, melhorias de orla, reforma de quadra de esporte e pavimentação de ruas praticamente inabitadas em Paty de Alferes. Pura perfumaria para travestir o pato em Pacto!

Por mais que reconheçamos a importância da colaboração entre os entes federativos, certas ações, baseando-se no princípio da eficiência, são de vocação de um dos entes. É o caso de ações de zeladoria e de obras de pequeno porte, como aquelas propostas no ”pacto”. O projeto, execução e monitoramento de obras muito capilarizadas acabam por incorrer em custos adicionais desnecessários ao pagador de impostos e, por esse motivo, não faz sentido algum o Governo do Estado assumir a execução delas. A menos que tenha bico de pato na jogada!

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O projeto das pequenas obras é caro, é um pacto de raça! Vai custar para o cidadão fluminense 1,9 bilhão. Muito dinheiro para o Estado mais endividado do país. O governador Cláudio Castro consegue jogar esse dinheiro na sua campanha, quer dizer, no pato, quer dizer, no pacto, porque já bateu nos cofres do estado a 1ª parcela da venda da Cedae. Ao invés de usar o dinheiro da privatização para equilibrar as contas de forma sustentável e iniciar obras estratégicas para o Estado ele está preocupado, antes de tudo, em torrar a grana para se reeleger.

De fato, o marketing do governador é muito sagaz, transformou um pato em pacto. Mas o rabo do bicho ficou de fora. Na verdade o que ele está fazendo é traindo a confiança do cidadão fluminense que espera que o dinheiro advindo da privatização da Cedae tenha uma utilização boa e correta.

Claramente Cláudio Castro se apresenta ao fluminense como um gestor sem visão estratégica e incapaz de entender o papel da função que ocupa, que é identificar potencialidades intermunicipais e regionais, onde sua articulação e investimento são importantes, para gerar benefícios que transbordem nas cidades. Por ora, o que temos certeza sobre o governo Cláudio Castro é publicidade, eventos e parcerias partidárias de propósitos escusos, e quem vai pagar, como sempre, o pato!

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Mãe de 4 filhos: Neto, Hugo, Ana Júlia e Augusto. Política niteroiense, escritora do livro "Política e a Vida Real". Doutora em Engenharia de Produção, Mestre em Economia, Coordenadora de Propriedade Intelectual e Transferencia de Tecnologia do IFRJ e Avaliadora de Ensino Superior no INEP/MEC
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5 COMENTÁRIOS

  1. Vocês são de esquerda e querem o Freixo, o que os Governadores anteriores fizeram, Cabral (preso), Pezão (foi preso) Garotinho (foi preso), Rosinha foi (presa), Witzel (foi afastado e está quase preso).
    Cambada de esquerdistas Caviar.
    Lembrem que o atual governado é o único em mais de uma década que está valorizando o servidor público.

  2. Finalmente alguém publica nesse jornal a verdade. O governador não tem visão, é mais um político provinciano. O Rio está endividado e atrasado perante outros estados. As duas prioridades deveriam ser abater a dívida do estado e depois investir em infraestrutura real, mas ele prefere gastar essa chance de ouro que foi a privatização da Cedae fazendo pracinha no interior.

  3. É inconteste que esse (des)governador fluminense está ‘torrando grana’ do contribuinte para se reeleger! É preciso denunciar também as obras da Baixada Fluminense, como um novo sistema de VLT para fazer vista nos transportes públicos e na verdade gastar MUITO, MUITO dinheiro para agradar prováveis apoios de prefeitos daquela região à sua reeleição. Um absurdo!

  4. Fora outros “projetos /ação ” que não passam de ações para inglês ver, desse governo de mentira.
    Parabéns pela opinião, não sou uma cientista política, apenas uma brasileira, carioca, comum, que está cansada de ver tanta injustiça.

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