Muitos comentam que presidentes, governadores e prefeitos precisam, no Brasil, reunir muitos partidos para construir maioria e poder governar. É o tal “presidencialismo de coalizão” descrito pelos cientistas políticos em diferentes estudos. A partir disso, alguns que acompanham o cenário político defendem o parlamentarismo como solução para o nosso país. Governaria quem já tivesse maioria garantida no Parlamento, afinal, o primeiro-ministro seria eleito por esse número majoritário de deputados.
Ocorre que formar essa maioria não é nada fácil com tantos partidos. Seja presidencial ou parlamentar, o regime precisa de partidos sólidos e posicionamentos claros para ter estabilidade. O caso da Itália é um exemplo interessante. Um país desenvolvido e parlamentarista, mas com governos que não duram, em média, mais do que 1 ano e meio. O mais recente premiê, Mário Draghi, renunciou e os italianos repetiram o roteiro mais uma vez. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a Itália tem tido muita dificuldade em construir governos estáveis, sendo Silvio Berlusconi o que ficou mais tempo no poder nas últimas décadas. O país tem partidos demais e fragmentação no Congresso. Qualquer governo rapidamente perde apoio majoritário.
Isso mostra que o começo de qualquer reforma política para o Brasil passa pela redução do número de partidos no Congresso, dando estabilidade e só gastando recursos públicos com quem tem representatividade. A cláusula de desempenho aprovada por Rodrigo Maia quando esteve à frente da Câmara dos Deputados foi um grande acerto. Em breve, o Brasil terá apenas 10 a 12 partidos, que serão obrigados a ter doutrinas mais claras e posicionamentos mais coerentes. O fim das coligações proporcionais também ajuda nesse sentido. Só ser parlamentarista não resolveria. Itália está de prova.