O verde carrega consigo o simbolismo da esperança. Nos remete à natureza, entre as árvores, flores e plantas, como um convite à conexão com o espaço natural que nos rodeia. Diante desses significados, um pedido se torna necessário: que, de 2022 em diante, o Rio seja cada vez mais verde.
Antes de tudo, que a esperança por dias melhores volte a estampar o rosto dos cariocas. Que o diálogo, respeito e empatia se tornem novamente o senso comum e que superemos as chagas abertas deixadas por alguns péssimos representantes que lideram nosso país.
Esse primeiro passo é simples, porém decisivo, e pode nos ajudar a unir e reorganizar uma política esfacelada por tragédias. Esse recomeço significará estruturar um projeto de Estado que não tome atalhos de curto prazo. Um plano técnico, baseado em evidências científicas, que elenque prioridades e que defina metas que dialoguem com as necessidades reais dos cidadãos. Dentre tantos atributos, sonho e quero trabalhar para que essa reconstrução também seja verde.
Afinal, não podemos mais postergar as questões climáticas, uma vez que as consequências das irresponsabilidades no uso dos recursos naturais já são alarmantes. Inclusive, podemos ter um vislumbre desses resultados avassaladores ao observar a tragédia das enchentes recentes na Bahia, das tempestades de areia no interior de SP e no Mato Grosso do Sul, da seca interminável no Pantanal, dentre outros eventos que vem alterando por completo e de maneira abrupta a vida na Terra.
Precisamos, enfim, superar a falsa dicotomia, que se tornou discurso pronto em muitos debates, de que o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental são pautas conflitantes. Na realidade, o Brasil e, em especial, o estado do Rio de Janeiro, têm potencial ímpar para se tornarem um estandarte mundial do desenvolvimento econômico com responsabilidade socioambiental.
Especificamente sobre o Estado do RJ, há uma imensa janela de oportunidade a ser explorada. Antes de tudo, pelo seu simbólico papel de destaque nessa questão, por apresentar um longo histórico de sediar algumas das principais cúpulas de debate ambiental, como a Eco 92 e a Rio +20 – e futuramente a Rio +30. Além desse fator, por ser um local com imensas áreas protegidas de Mata Atlântica – como na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em que 36% do território possui essa característica. Isso sem falar no extenso litoral, com uma diversidade riquíssima de fauna, flora e comunidades tradicionais, com aptidão esplêndida para o ecoturismo.
Vale ainda destacar a cidade do Rio, cuja história longínqua mostra que políticas públicas ambientais eficientes podem trazer benefícios pomposos a longo prazo. É o caso da Floresta da Tijuca – antes destruída por conta das plantações de café, o que gerava escassez hídrica e altas temperaturas -, que foi reflorestada no século 19 e, assim, transformou o município por completo. Por conta desse projeto inovador, hoje o Rio é a segunda cidade do mundo com maior cobertura verde (28,9%), cuja paisagem foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade. Além do mais, a cidade passou a ser uma referência verde e está se preparando para se tornar um hub de investimentos sustentáveis, para que consiga explorar ao máximo seus ativos econômicos – como o crédito de logística reversa, a produção de energia limpa e a venda de ativos no mercado de carbono.
Há, contudo, diversas metas a serem concretizadas para que todo esse projeto obtenha sucesso. Uma das principais é a concretização da concessão dos serviços de saneamento, que pode deixar a bacia do Rio Guandu limpa, evitando que receba mais de 90% do esgoto in natura. E, claro, a tão sonhada recuperação da Baía de Guanabara – o grande cinturão verde do Estado – que, se revitalizada, pode proporcionar benefícios gigantescos para esse planejamento.
O meu desejo, em resumo, é que o verde se torne o norte de nossas ações políticas de 2022 em diante. Para que mostre o caminho que devemos seguir internamente, em tempos que imploram por mais conexões, equilíbrio e harmonia entre as pessoas. E para que seja também o farol do nosso Estado do RJ e da nação como um todo, nos guiando rumo ao tão almejado projeto de desenvolvimento econômico sustentável que pode, finalmente, fazer com que voltemos a sentir orgulho do verde de nossa bandeira.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
O escritor diz que é uma falsa dicotomia o desenvolvimento com a pauta ecológica… ele deveria ir dar uma palestra desta ao Ministério Público, ao IBAMA, ao INEA, que travam todos os projetos por aaaaanos a fio até que percam objeto ou necessidade. Vide o porto de Maricá: 10 anos o empreendedor paciente tentando construir e só conseguiu agora começar.
Ele só esperou porque o petróleo está aqui. Se fosse um porto para descarregar outros produtos, teria metido o pé pra outro canto há muito tempo.
Enquanto há gente tentando trabalhar e ganhar o seu pão-nosso-de-cada-dia, existem o Ministério Público, o IBAMA, o INEA para travar tudo, recebendo em dia mensalmente. Para os servidores não há crise nem pandemia: gostosamente podem bloquear tudo que o salário manter-se-á o mesmo. Não há senso de urgência.