Neste dia 28/05, o Brasil celebra o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Como parte dos movimentos para conscientização em torno dos temas, o Laboratório de Comunicação Publicitária Aplicada à Saúde e à Sociedade (Compasso), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lançou a campanha #ProntosParaEssaConversa. O projeto de extensão universitária tem custo zero e busca diálogo para combater a desinformação
Segundo o IBGE, em 2019, de cada mil adolescentes entre 15 e 19 anos no Brasil, 59 se tornaram mães. No panorama global, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a OPAS, a cada mil adolescentes nessa mesma faixa, 44 vivenciam a maternidade.
Quando comparados, os dados mostram que o Brasil está acima da média. Vários fatores explicam os altos índices de gravidez na adolescência, entre eles a falta de acesso à informação e, mais recentemente, a propagação de conteúdos desinformativos.
Percebendo a urgência da questão, o Laboratório de Comunicação Publicitária Aplicada à Saúde e à Sociedade (Compasso), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, iniciou esta semana a campanha #ProntosParaEssaConversa. O objetivo é conscientizar o público jovem sobre temas relacionadas à gravidez na adolescência a partir de um diálogo simples, dinâmico e confiável.
“Não adianta dizer para o adolescente não transar, como se fosse algo condenável. O importante é explicar os riscos e consequências do sexo desprotegido, por exemplo, para que assim ele tenha informação e seja capaz de fazer escolhas de forma autônoma e consciente”, explica Sandro Tôrres de Azevedo, coordenador do laboratório e professor da Escola de Comunicação (Eco), da UFRJ.
Os conteúdos são apresentados ao público no formato de storytelling – técnica usada para contar histórias de forma criativa – na voz de quatro personagens fictícios: os adolescentes Nanda, Rafa e Edu, além de Lia, uma professora de biologia.
Em redes como Instagram, Twitter, Spotify e blog, os personagens conversam e esclarecem dúvidas comuns entre os jovens sobre relações sexuais, métodos contraceptivos e gravidez. Além de material textual, a campanha traz conteúdos multimídia, incluindo vídeos e podcasts.
“A ideia é também combater a desinformação. Para isso, a campanha se vale dessas mídias e se apoia em posicionamentos científicos para falar de gravidez precoce no Brasil. Entrevistamos especialistas de diversas áreas, como Medicina, Serviço Social, Psicologia de nossas instituições parceiras como Fiocruz e as universidades”.
Prefeitura de Niterói, Fiocruz e universidades em parceria
A campanha será veiculada em parceria com as secretarias municipais de Saúde, de Educação e de Cultura de Niterói. “A gravidez na adolescência impacta negativamente a vida de milhares de meninas, contribuindo para perpetuar desigualdades socioeconômicas“.
“Prevenir é caminhar na direção da erradicação da pobreza, saúde, bem estar e igualdade de gênero, e a cidade de Niterói está comprometida com esse desafio”, afirma Josy Pinho, assessora técnica da secretaria municipal de Saúde de Niterói.
Também são parceiros o Laboratório de Comunicação e Saúde (LACES), da Fiocruz, o projeto de extensão Diversidade, Ação e Sensibilidade na Publicidade Brasileira (DIV.A.S.), da UFRJ; a Liga Acadêmica de Educação Sexual (LESex), da UERJ e o programa Mulherio: tecendo redes de resistência e cuidados, da UFF.
Campanha com custo zero
Com custo zero, o projeto faz parte das iniciativas de extensão da UFRJ e não teria saído do papel sem a participação de alunos da graduação. “Desde o levantamento dos dados à construção dos personagens e alimentação de conteúdo nas redes sociais, o trabalho é feito pelos alunos, que vêm de cursos como Publicidade, Jornalismo, Radialismo, Belas Artes e Serviço Social. Este é o papel do projeto de extensão: reunir estudantes de diferentes áreas em torno de ações que impactem a sociedade”, conta Luciana Murgel, vice-coordenadora do Compasso e professora na Eco/UFRJ.
Diretora de criação da campanha, Eliza Franco, estudante de publicidade, explica que uma das propostas ao falar de gravidez na adolescência é desconstruir o estigma das mulheres como vítimas ou culpadas. “Queremos trazer para a conversa os homens, igualmente responsáveis pela gravidez precoce, mas normalmente deixados de lado em campanhas sobre o tema”, diz.
“Não adianta fazer mais uma campanha autoritária, com médicos e especialistas dando ordens de cima para baixo. Isso não gera identificação, só afasta. O objetivo é ser mais horizontal e acolhedor com as questões dos adolescentes. Realmente propor uma conversa sobre o assunto, que ainda é um tabu para muita gente”, completa Eliza.