Com o objetivo de dominar a tecnologia de fabricação, caracterização e operacionalização de bits quânticos e outros dispositivos supercondutores, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) recebeu, na última semana, os últimos equipamentos que compõem o primeiro Laboratório de Tecnologias Quânticas do instituto.
Adquiridos com fomento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o laboratório agora conta com um Refrigerador de Diluição – já comissionado –que manterá os dispositivos resfriados a temperaturas próximas ao zero absoluto, e também uma Evaporadora, equipamento responsável pela produção física dos dispositivos.
O impacto deste avanço também está conectado a projetos financiados pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Petrobras.
Progresso quântico
Segundo João Paulo Sinnecker, pesquisador da área de nanotecnologia do instituto, o laboratório é um grande avanço para a comunidade acadêmica do país: “Esse laboratório é muito importante, vai ser um dos principais laboratórios do Brasil que vai ter a capacidade de fabricar, caracterizar e encontrar aplicações para os chips quânticos e outros dispositivos baseados em junções Josephson”. O pesquisador também destacou as demais áreas que estarão no mesmo laboratório: “Além disso, vamos contar com sistemas de óptica quântica, como parte da Rede Rio de Comunicação Quântica”.
A projeção da equipe responsável é que o primeiro chip seja produzido ainda no próximo ano. O momento não seria mais significativo: 2025, foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica. Estão previstos eventos e ações para ampliar a visibilidade do tema na sociedade.
O Laboratório em implantação se destina à fabricação de dispositivos supercondutores, mais especificamente chips quânticos, SQUIDs (dispositivo de interferência quântica supercondutor, em tradução livre), amplificadores paramétricos, detectores de fótons, entre outros; e à comunicação quântica, que também tem recursos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Informação Quântica e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Quatro grandes linhas de pesquisas estão previstas: a produção de chips quânticos e outros dispositivos baseados em junções Josephson; óptica quântica e comunicação quântica; aplicações de sensores quânticos à base de diamante. Estas técnicas vêm se juntar à Ressonância Magnética Nuclear, técnica já utilizada há mais de 20 anos no CBPF no processamento da informação quântica.