O Largo do Boticário, no Cosme Velho, é tido como uma preciosidade do Rio de Janeiro. Isso se deve ao conjunto de dez casas construídas entre 1840 e 1940 — oito delas em estilo neocolonial e duas à moda imperial –, cercadas pela Mata Atlântica e por jardins de Burle Marx. Ali, logo na entrada, no Beco do Boticário 1, numa casa sobre o Rio Carioca, a arte teve guarida em boa parte do século XX. O térreo da casa foi o ateliê e, posteriormente, a residência de Augusto Rodrigues (1913-1993), pintor, gravador e fotógrafo pernambucano que criou a Escolinha de Arte do Brasil, pioneira no segmento para crianças.
A casa vai voltar a reunir artistas 28 anos após a morte de Rodrigues. E o Rio ganha, por sua vez, um novo espaço voltado a propagar e difundir cultura. O local em questão é o Gozto, escritório de arte idealizado pelo curador e produtor de eventos Sergio Zobaran, criador da mostra Modernos Eternos e atuante como jornalista, publicitário e Relações Públicas há 46 anos. Ele promove o espaço tendo a companhia da RP Lalá Guimarães, referência nesse segmento no Brasil e fora dele. O primeiro a ocupar o espaço é o designer Maximiliano Crovato, de São Paulo, que apresenta a exposição “Oásis”, criada originalmente para a Modernos Eternos e que permanece no local até 30 de novembro. As visitas acontecem mediante agendamento.
O escritório de arte ocupa todo o térreo da casa, situado do lado esquerdo do Beco do Boticário (que dá acesso ao Largo). Seus 140m² estão divididos em quatro ambientes. O primeiro deles é a sala de exposição. O segundo e o terceiro serão destinados aos escritórios administrativos e o último espaço será transformado num living para receber clientes e colecionadores.
O foco da Gozto é o design funcional e o de móveis, como explica Sergio Zobaran: “A curadoria de design vem se somar à relação antiga com o design de interiores enquanto expressão artística, e com seus criadores. Essa relação só se fortaleceu nos eventos com os quais estou envolvido há exatos 30 anos”.
O designer Maximiliano Crovato expõe sua mais recente criação, o banco T. Trata-se de uma peça criada em madeira de tauari revestida de camurça, resultando num objeto sofisticado e muito confortável. São cinco exemplares de cores diferentes espalhados pelo espaço, cujo piso foi todo coberto por areia e as paredes, revestidas por cortinas. O visitante tem a sensação de estar numa tenda em pleno deserto. Um deserto acolhedor, onde o que se tem diante dos olhos não se trata de ilusão ou miragem, pelo contrário. O resultado é de encher os olhos.