Neste sábado (11/07), será realizada a 9ª Lavagem do Cais do Valongo, na Pequena África carioca, região portuária da cidade. Marco da herança africana no Rio de Janeiro, o Valongo foi titulado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 9 de Julho de 2017. A partir das 10h, a Ialorixá Mãe Edelzuita de Oxalá realizará a lavagem, que é uma tradição em memória e respeito aos escravizados que desembarcaram no Cais.
Em respeito às medidas de isolamento, diante da pandemia do COVID19, o evento, que tradicionalmente reúne música, dança, entre outras manifestações da cultura afro-brasileira, será realizado de forma simbólica, sem as apresentações artísticas, respeitando as normas de não aglomeração e as orientações de saúde pública.
O Cais do Valongo foi o maior porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. Mais de 1 milhão desembarcaram no local, o que torna o Cais, o lugar mais importante de memória da diáspora africana fora da África.
Construído em 1811 e aterrado em 1911, o local foi revelado durantes as obras do Porto Maravilha para as olimpíadas, em 2011, cem anos depois do aterramento. Durante as escavações, o sítio arqueológico encontrado no local tornou o Cais do Valongo um museu a céu aberto, que guarda a memória e a história do negro no Brasil e no mundo.
“O Cais do Valongo traz uma memória de muita dor do nosso povo. Dor essa, que não pode ser esquecida. Foi uma violência contra a humanidade. A lavagem é uma homenagem simbólica à resistência e a luta de nossos ancestrais e para reafirmar o compromisso do poder público e da sociedade contra o racismo e desigualdade”, ressaltou o presidente do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), Rodrigo Nascimento.
A homenagem ocorre a partir das 10h e conta com a presença de representantes da Secretaria de Cultura do Município (SMC) e de ativistas locais da Pequena África.