A realização de Jogos Olímpicos e Paralímpicos pode representar uma grande oportunidade para alavancar transformações e potencializar mudanças no país e, principalmente, na cidade-sede do evento. O projeto vencedor do Brasil para sediar os Jogos de 2016 teve como diferencial um caderno exclusivo para tratar do legado. Em 2009, após competir com outras cidades importantes, como Chicago, Tóquio e Madri, o Rio conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos. Sob a liderança do Prefeito Eduardo Paes, adveio o compromisso de utilizar o evento para transformar estrutural e socialmente a cidade, e estender os benefícios para o país e para o continente sul-americano.
Agora, estamos vivendo mais um período olímpico, com os Jogos sendo realizados em Paris. Há exatos oito anos, éramos nós que estávamos recebendo essa grande celebração do esporte, que proporcionou um impacto econômico gigantesco com excelentes resultados para a nossa cidade.
Segundo a publicação Olympic Legacy – 2012, do Comitê Olímpico Internacional (COI), o Legado Olímpico se apresenta em cinco categorias: esportiva, ambiental, urbana, social e econômica, e pode ser tangível ou intangível. Na perspectiva do COI, o legado tangível é o que contempla a inclusão de novas instalações esportivas, a melhoria da infraestrutura de transportes, a reorganização urbana, assim como o embelezamento da cidade, melhorando a vida dos moradores. E foi o que fizemos! Sediar os Jogos Olímpicos proporcionou uma série de focos de progresso.
Dois estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV) analisaram a importância e os benefícios dos Jogos Olímpicos para o Rio.
O livro “Evaluating the Local Impacts of the Rio Olympics”,[1] editado pelo economista Marcelo Neri, traz uma série de estudos que buscam avaliar os impactos do anúncio das Olimpíadas sobre o Rio de Janeiro em diferentes escopos: social, econômico, de mobilidade urbana e de percepção da população. A publicação concluiu que o anúncio das Olimpíadas manteve a renda da população carioca em trajetória ascendente, sendo que entre os anos de 2008 e 2016 a renda per-capita no município do Rio cresceu 30,3% em comparação com apenas 18,2% nos demais municípios do Grande Rio – sendo que dois terços desse crescimento se deram entre os anos de 2014 e 2016. Enquanto a renda per capita aumentou, a desigualdade social, em 2016, caiu para o nível mais baixo da série histórica carioca. E esse aumento da renda ao longo do período pré-Olímpico se deu ao longo de toda a distribuição de renda, sendo mais significativo na base, com a renda dos 5% mais pobres tendo crescido 29,3%, enquanto a dos mais ricos aumentou 20,0%.
Já o outro estudo da FGV, recém-lançado, “Legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016: Impactos Econômicos”,[2] revelou que os projetos viabilizados pelo contexto dos Jogos foram expressivos indutores de atividade econômica e geraram um impacto sobre o município do Rio de Janeiro, até o momento, de R$ 99 bilhões sobre o Valor Bruto da Produção (VBP). Foram R$ 51,2 bilhões sobre o PIB; R$ 5,3 bilhões em arrecadação de impostos; R$ 36,2 bilhões de impacto sobre a renda das famílias. E mais de 465,4 mil empregos foram criados. Desse total dos impactos econômicos, a maior parte foi proporcionada durante o período olímpico, mas também há impactos que foram gerados com os projetos em andamento ou em expansão depois dos Jogos. Vale ressaltar que os impactos não ficaram restritos ao município, mas beneficiaram todo o Estado do Rio de Janeiro e a população fluminense. Nesse sentido, o estudo concluiu que os efeitos econômicos decorrentes dos projetos públicos e privados levaram a efeitos econômicos acima dos inicialmente aventados, atingindo regiões, setores e agentes que, à primeira vista, não seriam alvo das políticas e investimentos previstos. Observou-se que a execução das iniciativas gerou uma série de benefícios socioeconômicos para a população, tanto por meio do fornecimento dos serviços públicos quanto pela criação de novos empregos, bem como a elevação da renda das famílias. Tudo isso se traduziu em um aumento do potencial de consumo e bem-estar dos cariocas. Ainda segundo esses dados da FGV, mesmo oito anos depois, é possível afirmar que, quanto ao uso do dinheiro público, a Prefeitura do Rio promoveu um dos Jogos Olímpicos mais eficientes da história.
O estudo ilustra ainda que os Jogos Olímpicos Rio 2016 levaram a aprimoramentos na cidade nos setores de infraestrutura, serviços, transportes, meio ambiente, educação e esportes para a cidade, como a primeira fase das obras do Porto Maravilha, a derrubada da Perimetral, a criação de novos túneis na região, a criação do Boulevard Olímpico e a construção do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã, além de projetos de mobilidade, como os BRTs Transoeste, Transcarioca e Transolímpica, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e a linha 4 do Metrô. E, ainda, o reaproveitamento de instalações olímpicas, como o caso da Arena do Futuro, que foi convertida em quatro escolas; da Arena 3, transformada no Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado; e da transformação da Via Olímpica no Parque Rita Lee.
Em resumo, o Rio, uma cidade que é olímpica desde 2016, ainda se beneficia das ações e investimentos feitos para a realização dos Jogos, oito anos atrás. Para finalizar, ressalto que estamos todos na torcida por nossos atletas em Paris e zelando para que o legado pela realização dos Jogos siga em progresso. Afinal, embora vitoriosos, ainda há muito a ser feito pelo nosso Rio!
[1] Disponível em: https://cps.fgv.br/destaques/livro-avalia-impactos-sociais-das-olimpiadas-de-2016-para-cidade-do-rio-de-janeiro
[2] Disponível em: https://portal.fgv.br/noticias/calculo-inedito-impactos-legado-olimpico-rio-janeiro-e-divulgado-pela-fgv
O DIÁRIO DO RIO, como faz desde 2020, realiza uma série de entrevistas com os pré-candidatos à Câmara de Vereadores do Rio. Acompanhe:
Em primeiro lugar, o Rio de Janeiro não venceu as cidades concorrentes. Comprou sua vitória, e isso já é sabido desde 2017. Em segundo lugar, ainda que os Jogos tenham trazido algum legado positivo para a cidade, a maior parte não foi assim tão positivo. Veja as arenas do parque olímpico. Praticamente não são usadas. O complexo de tênis está abandonado. O velódromo está sendo usado atualmente para uma competição paraolímpica. Mas por quanto tempo ficou sem qualquer competição? As Arenas Cariocas I e II são esporadicamente usadas. A arena da Juventude, da época do Pan 2007, igualmente é pouco usada. O Maria Lenk também é raramente usado. Legado realmente significativo na área de transporte para mim foi apenas a extensão do metrô para a Barra. BRT não é transporte decente. É poluente, pois os ônibus são movidos a diesel e não têm capacidade para um grande número de passageiros. VLT está restrito à região central, mas é também de média capacidade. Se BRT e VLT estão atendendo à demanda é porque, muito provavelmente, depois da pandemia, a atividade econômica deve ter caído muito na cidade. Quanto à revitalização da região portuária, fico na dúvida acerca do fôlego que vai ter esse projeto agora que o centro do Rio perdeu tantas empresas depois da pandemia. Antes da pandemia, uma revitalização da região portuária como área residencial era bem interessante, pois traria as pessoas que trabalhassem no centro para morar perto de seus trabalhos. Agora que o centro foi esvaziado, será que existe tanta demanda assim? Quanto aos números apresentados, será que consideram a inflação do período?
Paes deu sorte disso tudo cair nas mãos dele.
De certa forma o carioca também. Imagina se fosse o Bispo Crivella o responsável por fazer as Olimpíadas acontecer? Ou qualquer um desses outsiders e aloprados que temos visto nos últimos anos…
Teria sido um desastre.