Leila Marques: o Alto da ‘compadecida’ Boa Vista

Embora seja sempre um “Alto”, periga perder a sua “Boa Vista” diante do desleixo e destruição do patrimônio público

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Foto: Divulgação

Por Leila Marques – Arquiteta e Urbanista

A foto a seguir mostra uma das várias escadarias do Alto da Boa Vista, bairro histórico e bucólico do Rio de Janeiro. Neste trecho específico, que liga a antiga Estrada Velha da Tijuca à Avenida Edson Passos – que muitos pensam que ambas são o mesmo logradouro-, havia, como em todos os outros trechos, 3 guarda-corpos e corrimãos em ferro fundido, que foram furtados há poucos meses.

Mas, o estado de degradação e abandono da antiga e necessária Av. Edson Passos, que liga a Tijuca à Barra da Tijuca, é visível não só nesse pequeno trecho. Vários guarda corpos dos trechos da estrada estão (quando ainda “estão”) enferrujados, caídos ou quebrados, não oferecendo segurança a nada, nem a ninguém, como seria sua principal função. Há degradação também de gradis que cercam as pequenas quedas d’água que existem ao longo da estrada, muito roubo de cabos do posteamento e abandono nos poucos monumentos que sobrevivem por ali.

Isso tudo sem contar com a sujeira, nas quais, se tornam as centenas de oferendas religiosas deixadas nos gramados, com os urubus fazendo a festa, que acabam indo parar no rio Maracanã com as chuvas.

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O Alto da Boa Vista, passagem que corta em duas partes a Floresta da Tijuca, local de vegetação parcialmente nativa e parcialmente replantadas, após o término das fazendas de café, viu nascer e crescer nos últimos 30 anos algumas favelas (Tijuaçu, Vale Encantado) adentrando nas matas e reservas, além de muitas casas de classe média alta que também se aproveitaram do abandono da fiscalização local, para avançar nos seus puxadões de luxo e destruir a vegetação. Agora, o Alto da Boa Vista começa apresentar também uma pequena população moradora de rua, reflexo de uma situação que se repete por toda a cidade, e que é fruto de um abandono maior da nossa população.

Esse pequeno trecho do bairro da grande Tijuca, precisa de um olhar mais cuidadoso, de um governo que se compadeça de sua bela história, não só por ser moradia de nossa floresta urbana gigante, também por ser um parque que acolhe um número imenso de ciclistas, trilheiros, famílias de lazer e apreciadores da natureza que garantem que o local, embora seja sempre um “Alto”, periga perder um dia a sua “Boa Vista”.

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