Leilão do Edifício A Noite não teve compradores

Ademi-RJ e Sinduscon-Rio atribuem falta de interessados ao preço elevado pedido pelo governo federal, dono do imóvel. A construtora Cyrela tinha submetido à União uma avaliação de R$ 23.350.000,00, mas a União resolveu iniciar o leilão por R$ 38.500.000,00.

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Foto Cleomir Tavares/ Diario do Rio

Fracassou a terceira tentativa do governo federal de leiloar o edifício A Noite, antigo ‘arranha-céus’ que é símbolo da arquitetura art déco na Praça Mauá, Centro do Rio. O prédio tem uma das vistas mais incríveis de toda a cidade, vislumbrando a baía de Guanabara e em frente aos badalados museus do Amanhã e MAR. O edifício foi oferecido ao público nesta quinta-feira (14/7) pelo preço mínimo de R$ 38,5 milhões, valor 60,71% inferior aos R$ 98 milhões que o governo federal cotou na primeira tentativa de pregão eletrônico, em abril do ano passado. Mesmo assim, não apareceram interessados.

A construtora Cyrela havia se cadastrado para participar do Leilão, seguindo o procedimento chamado ‘Proposta de Aquisição de Imóvel‘, em que um interessado provoca a União a vender qualquer de seus imóveis submetendo um laudo avaliação ao SPU com o valor que sugere para lance inicial no leilão. Segundo a União vinha informando pelos órgãos de imprensa, o leilão partiria do valor efetivamente submetido pelo interessado que provocou a venda. Porém, no caso do A NOITE, a União insistiu em iniciar o leilão por valor superior ao da avaliação apresentada pela Cyrela, e acabou amargando no mesmo resultado infeliz para o desenvolvimento de toda a região. A construtora havia juntado laudo de avaliação pelo valor de R$ 23.350.000,00, nada menos que QUINZE MILHÕES DE REAIS a mais do que a proposta pela qual a Cyrela estava virtualmente vinculada.

“O problema é a falta de diálogo do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, com o mercado imobiliário e a construção civil. Por diversas vezes sinalizamos que o valor do edifício A Noite precisa levar em consideração os altos custos das intervenções necessárias para reformar e transformar o uso do prédio, além das sucessivas elevações no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Essa conta não fecha com o valor pedido pela União, pois o preço limite de venda de unidades residenciais no Centro fica entre R$ 9,5 mil e R$ 10 mil por metro quadrado”, afirmou Claudio Hermolin, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio).

Para o presidente da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário no Rio de Janeiro (Ademi-RJ), Marcos Saceanu, qualquer investimento imobiliário exige viabilidade técnica e financeira, principalmente no caso do edifício A Noite, que se encontra vazio há muito tempo.

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“O mercado já vinha sinalizando que o valor mínimo pedido pelo governo federal nos leilões anteriores estava muito mais alto do que as empresas pagariam diante das necessidades de retrofit. Se o preço estivesse de acordo com a avaliação de mercado, não teriam faltado interessados nesta aquisição”, destacou.

Seguindo as normas da União, o prédio deverá ser leiloado uma vez mais, pelo mesmo valor de lance inicial, em data ainda não informada; depois, caso siga sem ser comercializado, poderá ser leiloado por um valor 25% menor, ou seja, R$ 28.875.000,00, ainda assim acima da avaliação submetida pela Cyrela à União. Também existiria a hipótese de o imóvel tornar-se parte de um fundo imobiliário a ser organizado pelo governo, até mesmo junto com outras propriedades semelhantes.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Por que a Administração Pública tem que baixar o valor de um prédio inteiro para o que o único interessado apresentou proposta e quando pela cidade há uma única cobertura que segundo imobiliárias caça níqueis conseguem vender por um preço ainda maior?

    Está certo o Governo em colocar um preço maior e certamente também baseado em estudos e histórico do mercado.
    Acontece que muitos interessados até podem estar em conluio, ajuste, ou mesmo o momento de instabilidade político, social e econômico não ser o adequado devido à apreensão.

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