Leilão ‘misterioso’ vende mansão em São Conrado para a própria dona do imóvel por preço 75% abaixo do seu valor estimado

Luxuosa mansão, localizada na Avenida Niemeyer, valeria cerca de R$ 15 milhões e foi leiloada por R$ 2,75 milhões

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Piscina na área externa da mansão - Foto: Reprodução

Em maio do ano passado, você leu aqui no DIÁRIO DO RIO sobre uma ”mansão dos sonhos” localizada em São Conrado, na Zona Sul da capital fluminense, que seria leiloada após o casal a quem pertence o imóvel ter se separado há alguns anos. Pois bem, o caso teve desdobramentos de lá para cá.

De acordo com informações obtidas com exclusividade pela reportagem, a casa foi a leilão pela primeira vez em 23 de junho de 2020, tendo diversos interessados em aproximadamente 3 horas de duração. Ela, então, foi arrematada por um empresário de Minas Gerais por R$ 4,75 milhões, sendo seu valor original estimado na casa dos R$ 15 milhões.

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Um dos quartos da mansão – Foto: Reprodução

No entanto, o comprador teria sido impedido de visitar a casa pela antiga proprietária, Mariah Martins Rangel, e, por isso, acabou optando por desistir da aquisição, mesmo já tendo adiantado os 5% (R$ 237.500) de comissão a que o leiloeiro responsável, Silas Pereira, tinha direito, pela lei.

Com a desistência, uma semana depois (30/06), a mansão voltou novamente a leilão. Segundo relatos também obtidos pela reportagem, porém, os interessados que haviam lançado na praça anterior desapareceram (fontes dizem que não teriam conseguido acesso ao sistema) e a ”disputa” acabou sendo vencida em apenas um único lance, que durou 3 minutos e foi justamente da antiga dona do imóvel, Mariah, que pagou espantosos R$ 2,75 milhões, ou seja, R$ 2 milhões a menos que o valor do primeiro leilão. Uma oportunidade.

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Uma das salas da mansão – Foto: Reprodução

Vale ressaltar que, para tentar entender melhor a complexidade do caso, isto é, uma luxuosa mansão que vale aproximadamente R$ 15 milhões ter sido leiloada por menos de R$ 3 milhões, o DIÁRIO DO RIO tentou contato com as 3 partes diretamente envolvidas, ou seja, Mariah e seu ex-marido, Antônio Veronese, donos do imóvel, e o leiloeiro Silas, responsável pela venda. No entanto, até o fechamento desta matéria, não obtivemos resposta de nenhuma das partes. A matéria será atualizada caso quaisquer deles queiram se manifestar.

Atualização 1 – 05 de janeiro de 2022 – 16h33

A dona do imóvel, Mariah Martins Rangel, afirma que ”o leilão foi efetuado por ordem judicial e conforme as leis”. A mesma disse ainda estar vendo quais medidas seus advogados aconselham diante desta ”notícia falsa e difamatória”.

Atualização 2 – 08 de janeiro de 2022 – 12h24

Ex-marido de Mariah e coproprietário da mansão, Antônio Veronese respondeu à procura da reportagem por meio de um extenso texto, o qual intitulou como ”A esposa rica e o marido pobre”. Confira, na íntegra:

”Era uma vez um casal que possuía uma extraordinária mansão sobre o mar, em um condomínio de luxo na zona sul do Rio de Janeiro. A esposa era rica, proprietária de diversos outros imóveis no Rio, Portugal e em Paris. Riqueza fruto de heranças que recebeu desde a idade de 19 anos. O marido pintor era pobre, apesar de ter feito 76 exposições individuais em diversos países do mundo. Mas era coproprietário legal dessa bela casa sobre o mar.

O casal separou-se após 11 anos e 8 meses de vida em comum. Sete em relação estável e quatro de casamento. O abandono do lar, pela esposa rica, ocorreu apenas 21 dias após o casal ter comprado em comum uma outra casa na cidade de Talloires, na França (o que prova que não havia nenhum problema entre eles, após mais de onze anos de vida em comum).

O abandono do lar pela esposa rica deu-se simplesmente porque uma bela jovem de 21 anos, estudante de pintura, reconheceu ser o marido pobre um pintor e, por isso, desenhou seu retrato, na presença da esposa rica, no Café Deux Maggots em Paris.

Para justificar sua inexplicável partida, a esposa rica teria dito a amigos comuns do casal que o motivo da separação fora ‘um desvio de dinheiro feito pelo marido pobre sobre a única conta bancária comum do casal, em Paris’. Talvez por isso, todos os amigos comuns pararam de o falar com o marido pobre…

No entanto, e isso os amigos comuns não sabem, o gerente do banco em que o casal mantinha a conta, forneceu um documento em papel timbrado do banco Societe Generale (que disponibilizo aos interessados), afirmando que o marido pobre jamais assinou um só cheque da conta comum, nem jamais fez nenhuma transferência de dinheiro da referida conta, nem jamais dela retirou soma alguma (simplesmente porque a conta era gerida exclusivamente pela esposa rica).

Chamada a manifestar-se sobre esta provável difamação, a esposa rica afirmou, através de seu advogado, que ‘jamais disse que o marido pobre retirara dinheiro da conta comum’, apesar de amigos comuns afirmarem o contrário como, por exemplo, o gerente da Capela de l’Humanité de Paris que sobre isso deu declaração por escrito…

A partida inesperada da esposa rica obrigou o casal a vender, às pressas, com prejuízo de cerca de R$ 1,2 milhão ao câmbio de hoje, a outra casa que haviam acabado de comprar na cidade de Talloires. Pois bem, uma vez separados, restou em comum a magnífica propriedade sobre o mar do Rio de Janeiro. A esposa rica queria vendê-la, o marido pobre queria deixá-la de herança para os filhos.

Obstinada em vender a mansão comum do Rio de Janeiro (apesar de ocupá-la de forma ininterrupta por 13 anos após a separação de corpos do casal e sem jamais ter pago um centavo de aluguel pela parte que pertencia ao marido pobre), a esposa rica contratou um renomado escritório de advocacia do Rio para impetrar uma ação que impusesse a venda da casa em leilão judicial. In extremes, o marido pobre achou um comprador pronto a pagar R$ 7 milhões na casa, o que evitaria o leilão judicial. A esposa rica não aceitou a proposta!

Então, por decisão do juiz, a casa foi a leilão no dia 23 de junho de 2020, contrariando jurisprudência que impede leilão durante pandemia e sem direito à visitação do imóvel leiloado. E, portanto, mesmo sem poder ser visitada, a magnífica casa foi vendida em leilão pela internet a um empresário de Minas Gerais por quase R$ 5 milhões (numa disputa que durou diversas horas e da qual participaram diversos interessados).

Mas o drama do marido pobre ainda estava longe de terminar! Dois dias após ter pago os 5% da comissão do leiloeiro Silas (cerca de R$ 250 mil!!!), o empresário mineiro comprador, misteriosamente, desistiu de pagar o imóvel que acabara de comprar!!! Perguntado sobre o motivo de sua desistência, o comprador mineiro afirmou, por escrito, que, apesar de já ser o novo proprietário, a esposa rica o impediu de entrar na casa para vistoriá-la.

Resultado: o primeiro leilão é surrealisticamente anulado e a casa vai a um segundo leilão, apenas uma semana após, precisamente no dia 30 de junho de 2020, ainda sob uma pandemia mundial e ainda sem direito à visitação do imóvel leiloado. E, então, vai acontecer o milagre: este segundo leilão vai ter somente 1 lance de R$ 2,75 milhões (R$ 2 milhões a menos do que no primeiro leilão) e, ao contrário do primeiro leilão, vai durar apenas 3 minutos!!! E o comprador, adivinhem, foi… a esposa rica!

Foi um milagre porque todos os interessados na mesma casa, que apenas uma semana antes a haviam disputado por várias horas até quase 5 milhões, desaparecem completamente somente uma semana após, quando poderiam tê-la comprado pela metade de preço do primeiro leilão!

Mas o milagre da casa sobre o mar era ainda mais rendoso! Explico: durante o tempo em que estiveram juntos, apesar de casados com comunhão parcial de bens, a esposa rica pediu ao esposo pobre que assinasse uma confissão de dívida, afinal ela pagava um monte de coisas que ele não podia pagar, não é? E o marido pobre assinou!! (Vocês conhecem outro casamento fruto exclusivamente do amor, em que um dos cônjuges tem que assinar uma confissão de dívida para o outro ??!!).

E, por isso, o drama do marido pobre ainda não tinha acabado!! Após recuperar somente para si, por preço irrisório, a mansão de quatro andares sobre o mar que antes pertencera ao casal, a esposa rica ainda impôs ao marido pobre o pagamento desta confissão de dívida e mais, acreditem se quiserem, obrigou-o a pagar os altíssimos honorários de seus advogados na ação para jogar a casa no leilão, leilão que o marido pobre não queria, pois queria deixar a casa para os filhos!

Resumindo: além de deduzir da parte que cabia ao marido pobre a confissão de divida que a esposa rica lhe impusera, o marido pobre teve ainda que pagar todas as custas do processo e mais os honorários de R$ 150 mil dos advogados da esposa rica. Resultado: em uma casa que vale hoje cerca de R$ 15 milhões, no fim do genial ‘esquema’, o marido pobre recebeu apenas R$ 465 mil. Na realidade, foi esse o preço total que a esposa rica pagou pela casa, pois o restante dos R$ 2,75 milhões da ‘compra’ no segundo leilão, voltaram para ela por ser a anterior coproprietária do imóvel.

Resumindo: existia um imóvel, propriedade comum do casal, avaliado em cerca de 15 milhões (uma mansão de 800m² em pedra e madeira de lei sobre o mar, 2 grandes salões, sala de jantar, lareira, 5 suítes completas com banheiras de mármore e closed, adega para duas mil garrafas de vinho, garagem para 3 carros, elevador interno, sauna, atelier, piscina e jardim suspensos sobre o mar, etc).

Ao preço de mercado, R$ 7,5 milhões pertenciam à esposa rica e R$ 7,5 milhões pertenciam ao marido pobre. Mas, após a refinada estratégia, a esposa rica conseguiu pegar a parte do marido pobre por apenas R$ 465 mil, ou seja, 16 vezes menos do que o marido pobre tinha direito!!! Isso em um segundo leilão em que houve houve APENAS UM LANCE, e que durou 3 minutos!

Para os amigos comuns do casal, a esposa rica deve ter dito, ao som do espoucar de um bom champagne francês, que conseguiu dar um lance de mestre. Mas bem que poderia dizer aos amigos comuns que seu ex-marido é digno e jamais roubou dinheiro da conta comum. Alguém pode considerar, em sã consciência, que esse processo foi moral e eticamente correto?

Obs.: Enquanto ainda estavam casados e morando na França, a referida mansão foi alugada por 2 anos a um casal de ingleses que pagou 120 mil dólares pelo aluguel. O marido pobre jamais tocou em um centavo deste dinheiro, apesar de ser, à época, coproprietário da referida casa.”

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16 COMENTÁRIOS

  1. MARIAH MARTINS RANGEL vai se dar bem no momento em que for fazer a Declaração Anual do Imposto de Renda, pois vai declarar o valor que pagou pela casa e não o seu real valor de mercado.

  2. Coisas que só ocorre em São Conrado. Terra de ninguém, ou melhor, Rodrigo Maia e César Maia, Pedro Paulo, filha de Moreira Franco, família FHC, …. sem contar sem amigos. Vai vendo Brasil

  3. Pode isso Arnaldo? O que obeservo nesse país é que pendenga
    que passa de milhão em reai$, fica na a base do amor. Agora, as pendegas de dezenas ou centenas fazem os pendengueiros chorarem na justiça.

  4. Quando um imóvel vai à leilão o proprietário tem prioridade na compra. Só que precisa comprar à vista, o mesmo não pode efetuar a compra de forma parcelada. E o valor colocado parece inferior, mas na verdade é descontado o valor que o proprietário já pagou. O banco não perde nada! Iria lucrar a pessoa que comprasse, mas o ex-proprietário não.

  5. Engraçado né aqui no Brasil as forças públicas só vai atrás de pessoas normais ou desconhecidas….poucas vezes vemos figurões lendários sendo mordido pelas garras da justiça….é curioso será que existe um corporativismo que protege as lendas e figurões

  6. Curiosamente, esta casa foi palco do Morar Mais por Menos Rio 2021.
    Recebeu um banho de loja que eu creio que tenha sido sem custo. Não sei se a casa foi cedida ou alugada para o evento.
    Procurem na internet e vejam as fotos de como ficou a casa.

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