O samba, ritmo que é a verdadeira alma do Rio, vive sua melhor fase na cidade. Impulsionado pelas indicações digitais e pelos “pseudos” influenciadores, as rodas de samba na cidade não param de crescer. De acordo com um recente levantamento da Prefeitura do Rio, essas reuniões musicais aumentaram quase 58% nos cadastros municipais, comparado com o último mapeamento realizado há três anos. A pesquisa é conduzida pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC), sob a direção de Marcelo Calero.
O aumento expressivo reflete a diversidade das rodas de samba cariocas, que vêm ganhando destaque e se espalhando por diversas áreas da cidade. No entanto, por conta de sua forte identidade e história, os encontros ainda estão mais concentrados em regiões mais antigas e emblemáticas, como o Centro e a Zona Norte do Rio. Mais da metade das rodas de samba da cidade acontecem nesse triângulo Centro-Tijuca-Zona Norte — sem querer separar os tijucanos, como o levantamento fez. A Região Central abriga 27,8% dos encontros. Em seguida, Tijuca-Zona Sul somam 25%; na cola, a Zona Norte totaliza 23%. Já o subúrbio da Zona Oeste contabiliza quase 21%. Por outro lado, a Barra e Jacarepaguá ficam com apenas 3,2% das rodas de samba.
Os números não são surpresa para quem acompanha o cenário cultural do Rio. O samba, com suas raízes profundas nas áreas mais tradicionais, como o Centro e a Zona Norte, é muito mais aceito e engajado nessas regiões, que são culturalmente ricas e históricas. Quem vive e frequenta as zonas mais afastadas, como a Barra, sabe que a oferta de boas rodas de samba é escassa.
O “Mapa das Rodas de Samba”, como é chamado o levantamento, tem como principal objetivo a preservação das manifestações culturais do Rio, além de garantir maior segurança jurídica para esses eventos. A certificação dos encontros cadastrados foram entregues no último sábado (23/11) durante uma comemoração no Museu do Amanhã, na Praça Mauá.
Vale ouvir também a vizinhança.
Precisamos valorizar a cultura, claro, e respeitar o silêncio de áreas residenciais.