Light desrespeita patrimônio histórico e quer medidores de luz na fachada de casarões e sobrados

A concessionária de serviços públicos quer obrigar todos os comerciantes do Centro Histórico a colocar seus relógios de luz por cima da fachada dos imóveis, cobrindo ornatos, cantarias, azulejos e passando conduítes grossos de borracha por fora da fachada dos imóveis. Comerciantes assustados com a informação buscam amparo dos órgãos de patrimônio cultural

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Demonstrando total desapreço pela cultura, pela beleza e pelo Centro Histórico, a Light quer obrigar todos os imóveis históricos do Centro a instalar relógios de luz de forma externa na fachada . A situação preocupa comerciantes e choca especialistas em bens culturais. Foto: Grupos de Whatsapp

Comerciantes da rua da Carioca e suas adjacências, uma das regiões mais históricas e emblemáticas do Centro vêm sendo surpreendidos com visitas de funcionários da concessionária Light S/A, de eletricidade. Ocupando imóveis centenários e por vezes bicentenários, muitos deles tombados ou preservados pelos três órgãos de patrimônio que atuam no Rio – IRPH, IPHAN e INEPAC – os donos das lojas estão sendo “avisados” de que a empresa vai fazer “modificações no fornecimento de energia“.

Até aí tudo bem, modernizar é uma coisa boa. Mas o que acabou chocando os comerciantes é a informação de que a empresa vai “obrigar” todos a colocarem seus relógios de luz – os famosos “medidores” – instalados de forma externa, em cima das fachadas tombadas de seus imóveis, mais ou menos conforme a foto que ilustra esta reportagem. Com direito a furo na parede, braçadeira de ferro, cano de borracha ou plástico preto, e a horrenda caixa de acrílico.

As fachadas dos imóveis da região, repletas de pedras de cantaria, portões de ferro fundido, ornatos, cariátides e outros detalhes de grande pureza arquitetônica, simplesmente não combinam com o que a empresa quer forçar todos a fazer, para sua própria conveniência e em detrimento da história do Rio, e do patrimônio cultural. Obtivemos informações de que a futura exigência absurda começou a ser comunicada a comerciantes da Lapa, também.

Fontes do DIÁRIO DO RIO no Iphan – o órgão federal de patrimônio – garantem que esta iniciativa não atende aos requisitos do órgão e pode até gerar multas para os proprietários e para a própria concessionária, tendo em vista que uma ação do tipo pode ferir de morte a ambiência do Centro Histórico. Ruas inteiras tombadas pelo patrimônio histórico federal, como por exemplo a Travessa do Comércio, jamais poderiam receber tal intervenção. O órgão pode responder a qualquer consulta coletiva realizada por associação coletiva ou polo de comerciantes, sobre o assunto, e possivelmente dará apoio aos proprietários de imóveis que quiserem manter a fachada de seus imóveis íntegra. É preciso enviar um ofício, para obter a resposta.

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E se tem o lado cultural, tem também a fragilidade destes engenhos com suas capas de plástico, que por vezes são destruídos na calada da noite por desordeiros ou mesmo roubados por cracudos“, diz Wilton Alves, diretor da administradora Sergio Castro, maior da região central. Segundo Alves, diversos medidores de luz que ficam do lado de fora de prédios do portfólio de sua empresa já foram furtados e destruídos. “E também houve casos de festas irregulares nas ruas, em que os camelôs puxam a luz direto dos relógios afixados nas fachadas próximas“, finaliza o administrador, que trabalha há 60 anos no mesmo ramo.

Ruas como a do Lavradio e a da Carioca chegam a ser tombadas pelo INEPAC. O comércio da Lavradio chegou a ser Tombado como Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Como alguém vai gravar um filme de época no Centro Histórico do Rio, com centenas de horrorosos relógios de plástico e seus conduítes imensos pretos de borracha caindo pela fachada? Onde está o respeito pela história e pela cultura? Vamos colocar um relógio de luz como o da foto principal da reportagem aqui (abaixo) ?

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Com a palavra a Light, o IRPH, o INEPAC e o IPHAN.

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7 COMENTÁRIOS

  1. Como é, Prefeito Eduardo Paes? O senhor vai realmente permitir essa atitude de desprezo pela cultura manifestada pela Light? O senhor que fala tanto em cultura e Carnaval, o que vai fazer nessa hora? Isso precisa ser impedido, a Light não tem interesse em respeitar ninguém, seu único interesse é o lucro.

  2. Concordo com as críticas contra a Light, incluindo aí a baixa qualidade do serviço prestado.
    Porém os órgãos que atuam na área de “Patrimônio Histórico” vivem de conversas, só declarando novos imóveis a serem preservados etc e tal.
    Porém sequer apresentam soluções que possam vir de encontro e solucionar os casos.

    Já está na hora de parar de ficar de lenga lenga.
    Tem problemas se apresentem, dêem suas opiniões, indiquem uma possível solução!!!!

    Por exemplo, no norte do país, precisamente no Pará as concessionárias instalam os medidores nos postes identificando o domicílio consumidor.

  3. Cara, essa forma horrível que uma empresa tão importante pra nós do Estado do Rio de Janeiro, presta um serviço ruim pro cidadão, sem falar nos picos de emergia e oscilações na voltagem entregue.

  4. A Light é uma empresa que não respeita os seus clientes vocês acham que ele vai respeitar o patrimônio histórico e cultural do estado.
    Está é uma empresa que só visa o seu lucro em detrimento de qualquer coisa se nossos governantes não tomarem vergonha na cara ela tomará até o poder deles
    Abram os olhos e punan com severidade essa empresa.

  5. Esta ação da LIGHT é a prova de que não há respeito ao cidadão! Não só por obrigá-lo a aceitar a inconveniente e desastrosa instalação desses medidores de luz externos nos prédios, mas também por expor os usuários ao roubo de energia e até do próprio núcleo da instalação para o fornecimento de energia, os medidores. É mais um achaque a que o cidadão carioca é submetido pelas concessionárias de serviços, e com a complacência até aqui do Estado! Viver no Brasil está cada vez mais angustiante…

  6. Parabéns ao Diário do Rio pelas reportagens sobre patrimônio cultural da cidade. Mas sim, é preciso que o problema seja encaminhado à Prefeitura, através da equipe do Reviver Centro, para que o assunto seja tratado, junto com o IRPH, o INEPAC e o IPHAN, encaminhando a melhor solução para preservação do patrimônio cultural do Rio

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