Livro investiga os anúncios do primeiro jornal brasileiro para explicar o Rio de Janeiro de D. João VI

No bicentenário do regresso do rei para Lisboa, a obra de João Victor Pires apresenta pesquisa em mais de 9 mil anúncios da Gazeta do Rio de Janeiro

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Nesta segunda-feira, 26 de abril, assinala-se o bicentenário do regresso de Dom João
VI para Lisboa após 13 anos de reinado no Brasil. A transferência do soberano do
Império de Portugal e sua Corte para o Rio de Janeiro, onde desembarcaram em 1808,
gerou um forte impacto social, econômico e populacional na cidade. A partir de uma
completa pesquisa nos anúncios de jornal publicados entre 1808 e 1821, o historiador
e jornalista João Victor Pires revisita o cotidiano da sociedade carioca do período no
livro Classificados da Corte: o cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos anúncios de jornal. A obra chegou ao mercado nos formatos físico e digital nesta segunda-feira.


Dividido em 11 capítulos, o livro analisa diversas características do período a partir de uma investigação em todos os anúncios publicados pela Gazeta do Rio de Janeiro. Trata-
se do primeiro jornal da história impresso no Brasil, inaugurado em setembro de 1808, seis meses depois da chegada da Corte. Ao todo, Pires analisou 9211 anúncios
publicados em 1610 edições do periódico, que circulava no Rio às quartas-feiras e aos
sábados.

Os classificados da Gazeta apontam para uma cidade que abrigou um mercado
imobiliário com procura e preços ascendentes, resultado da chegada de milhares de
europeus transferidos para o Brasil no rastro da Corte. Também permitem notar um
comércio de livros voltado para a elite europeia e aos cursos superiores recém-criados,
como a Real Academia Militar e a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica. Ainda
revelam as características educacionais da sociedade, a transição médica ocorrida no
período e os espaços de sociabilidade e divertimento dos habitantes. No campo médico, os anúncios publicados nas páginas de jornal comprovam, por exemplo, o desafio que foi para a Corte a campanha de vacinação contra a varíola nesse período.

Além disso, os chamados “avisos” permitem desvendar uma série de questões relacionadas com o cotidiano dos indivíduos escravizados – em 1821 contabilizavam-
se no Rio cerca de 55 mil escravizados, entre os 112 mil habitantes nas áreas urbana en rural. A obra apresenta as origens dos escravizados, os preços praticados na
comercialização dos mesmos e os valores oferecidos em forma de recompensa pelo
resgate dos fugitivos.

Classificados da Corte: o cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos anúncios de jornal está disponível nos formatos físico e digital na Amazon, Americanas e Submarino.

Sobre o autor:
João Victor Pires é um jornalista e historiador brasileiro, natural da cidade de
Petrópolis, interior do estado do Rio de Janeiro. Formado em Jornalismo pelas
Faculdades Integradas Hélio Alonso, também cursou História na Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro e na Universidade Estácio de Sá. Tem Mestrado
em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE – Instituto Universitário de
Lisboa, em Portugal, onde reside.

Ficha técnica:
“Classificados da Corte: o cotidiano do Rio de Janeiro joanino a partir dos
anúncios de jornal”
Autor: João Victor Pires
Prefácio: Alberto Oliveira Pinto
Ilustração da capa: Bia Penna
Designer da capa: Délcio Gomes Caiaia
Páginas: 370
Preço: R$ 19 (ebook) / R$ 55 (físico)

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2 COMENTÁRIOS

  1. Uma interessante fotografia de uma época de que se tem poucas informações e muita fantasia.
    Escuta-se muito sobre D. João VI se babando de frangos, tendo um caso com o seu camareiro, enquanto Carlota Joaquina era a ninfomaníaca que até morava distante de D. João, para fazer da sua vida o que bem entendesse.
    Não se fala muito sobre D. João VI estrategista, capaz de entender muito bem o que deveria ser a estruturação e consolidação política do Brasil, em contraponto ao desgaste sofrido em Portugal, pela sua ausência demorada. Desgaste este potencializado pelos protestos enciumados da perda do título de capital por Salvador e por parte dos fazendeiros de cana de açúcar, a grande riqueza energética da época.
    Junte-se a isto, a anulação da nossa história colonial e monárquica pelo golpe republicano e nunca entenderemos de onde viemos, não saberemos a importância de Caramuru, Diogo Álvares Correia, de João Ramalho e de muitos outros, para a fundação e expansão do território brasileiro.

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