Livro que resgata história da artista que abriu o primeiro teatro de Madureira será lançado neste sábado

Em sua estreia como biógrafo, Marcelo Moutinho recupera a história de Zaquia Jorge e reconstitui a transformação cultural do Rio de Janeiro sob a ótica da vedete ícone da cultura suburbana que, em 2024, faria 100 anos. O lançamento será às 14h, no Al Farabi, no Centro da cidade

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp

“Madureira chorou”, diz o samba composto após a morte de Zaquia Jorge, artista emblemática da vida cultural do Rio de Janeiro dos anos 1940 e 1950. Ela trabalhou na célebre companhia de Walter Pinto, ascendeu no competitivo mundo das vedetes, contracenou com Dercy Gonçalves e Oscarito e fundou seu próprio teatro, no bairro que – não à toa – derrubou muitas lágrimas quando morreu. Zaquia faria 100 anos em 2024 e é a biografada de Marcelo Moutinho, escritor que se notabilizou nos últimos anos por suas crônicas que olham para os subúrbios da cidade do Rio em busca de histórias e personagens.

O livro “Estrela de Madureira: A trajetória da vedete Zaquia Jorge, por quem toda a cidade chorou” (Record) recupera a vida da atriz e empresária do teatro, que morreu aos 33 anos, em 1957, afogada na então inóspita praia da Barra da Tijuca, causando comoção popular e especulação midiática. O lançamento será neste sábado, 06/04, às 14h, no Al Farabi, que fica na Rua do Mercado 34, Centro do Rio. O evento ainda terá Pedro Paulo Malta cantando sambas e marchinhas e a participação da Velha Guarda do Império Serrano.

434769403 721289053494040 3145685042674453233 n Livro que resgata história da artista que abriu o primeiro teatro de Madureira será lançado neste sábado

A obra mostra a vida de uma mulher à frente de seu tempo – que desafiou o estigma de “desquitada”, abriu mão da guarda do filho e retomou, após a separação, o nome de solteira –, uma atriz incomum e fora dos padrões, que alcançou o estrelato no teatro de revista, atuou no cinema brasileiro emergente e, posteriormente, decidiu ousar como empresária das artes, rompendo as fronteiras da eterna cidade partida.

Advertisement

“Nasci e morei por boa parte da infância em Madureira. Desde pequeno, me intrigava o fato de que, apesar de Zaquia ser uma figura mítica entre os moradores do subúrbio, ter suscitado duas músicas de imenso sucesso e um enredo de escola de samba, sua história é pouquíssimo conhecida. Uma artista cuja morte mereceu destaque nas primeiras páginas dos jornais, cujo funeral contou com a presença de milhares de pessoas, que trabalhou no teatro da revista e nos populares filmes da época da chanchada, e cuja atuação como empresária foi absolutamente pioneira. Além de resgatar uma trajetória tão singular, o livro pretende tirá-la desse lugar de invisibilidade“, detalha Marcelo Moutinho.

WhatsApp Image 2024 04 03 at 13.32.35 1 Livro que resgata história da artista que abriu o primeiro teatro de Madureira será lançado neste sábado

Imagem: Reprodução do livro Estrela de Madureira, de Marcelo Moutinho

No livro, Moutinho mostra que depois de se encantar com o esplendor do Cassino da Urca, ascender profissionalmente durante a efervescência cultural da Praça Tiradentes e participar da emergente cena cultural na Zona Sul carioca, Zaquia optou por fundar o Teatro Madureira, em abril de 1952. Assim, colocou, pela primeira vez, os holofotes na vida cultural da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Foi o primeiro teatro do Brasil construído em uma área periférica“, destaca o autor, que também conta que a biografia mostra todas as dificuldades pelas quais Zaquia passou para abrir esse espaço cultural na década de 1950. 

WhatsApp Image 2024 04 03 at 13.30.34 Livro que resgata história da artista que abriu o primeiro teatro de Madureira será lançado neste sábado

Imagem: Reprodução do livro Estrela de Madureira, de Marcelo Moutinho

Além da música “Madureira chorou“, grande sucesso do Carnaval de 1958, a artista inspiraria o enredo “Zaquia Jorge, a vedete do subúrbio, estrela de Madureira”, levado à Avenida pelo Império Serrano, em 1975. Uma composição derrotada no concurso interno da escola foi gravada por Roberto Ribeiro e acabaria alcançando imensa repercussão popular. Lançada no disco do cantor com o título “Estrela de Madureira“, é hoje lembrada nas rodas e se tornou mais conhecida do que o samba com o qual o Império desfilou.

E um trem de luxo parte
Para exaltar a sua arte
Que encantou Madureira
Mesmo com o palco apagado
Apoteose é o infinito
Continua estrela
Brilhando no céu

A Estrela de Madureira terá outros eventos de lançamento (um em Madureira, inclusive), que ainda não têm datas e locais definidos. Agora, com esse livro de Marcelo Moutinho, a arte e a vida de Zaquia Jorge serão cada vez mais exaltadas, encantarão muitas pessoas e a apoteose vai ser mesmo o infinito.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Livro que resgata história da artista que abriu o primeiro teatro de Madureira será lançado neste sábado
Advertisement
lapa dos mercadores 2024 Livro que resgata história da artista que abriu o primeiro teatro de Madureira será lançado neste sábado
Advertisement

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui