Uma campanha publicitária na internet da loja de cama e mesa First Class está atraindo muitos cliques e apoio popular, e não se trata de nada com intuito de vender mais lençóis, toalhas e jogos americanos. Trata-se de um protesto veemente contra o que a rede considera serem aumentos abusivos de aluguéis por parte dos Shopping Centers, até mesmo durante a pandemia. O protesto ocorreu na Barra da Tijuca, e também nas redes sociais.
A loja, que completou 17 anos recentemente e está presente em 20 estados e 68 cidades, resolveu contestar os aumentos de alugueis propostos pelos shoppings este ano, que, segundo a empresa, chegam a 37%. Sem sucesso, está entregando pontos, e abrindo novas lojas em locais mais em conta. Enquanto realiza as obras de adaptação, está protestando contra o ocorrido através dos tapumes das obras, onde chega a dar detalhes sobre os valores dos aluguéis e a irredutibilidade dos administradores dos empreendimentos.
Por conta da dificuldade em negociar sua permanência nas lojas dos malls, a empresa chegou a trocar de ponto dentro do mesmo shopping. O fato ocorreu no Shopping Downtown, na Barra da Tijuca. E também ocorreu o mesmo no West Shopping (Campo Grande), onde se mudaram para o corredor do meio, saindo de outra loja. Lojistas consultados pelo DIÁRIO dizem que os empreendimentos têm evitado conceder descontos e preferem que os inquilinos se mudem, até mesmo dentro do mesmo shopping, para outra loja, do que baixar o aluguel do ponto antigo. Segundo os lojistas, os shoppings fazem isso para que a empresa inquilina pense duas vezes na mudança, pois terá que fazer obras na loja nova, além de organizar a mudança e perder o ponto comercial original e o contato fácil com seus consumidores. “É um instrumento de pressão“, disse um conhecido lojista da área de calçados, que pediu para não ser citado.
Segundo a First Class, a simples mudança de ponto, de uma loja para outra, dentro do downtown, baixou seus custos com aluguel de R$ 36.000,00 para R$ 8.000,00, uma diferença de impressionantes 450% nos custos de ocupação da loja. A diferença chocou os internautas. Para a instagrammer @ana_csrs, “Vai ficar com o espaço vazio, porque levará mais tempo para arrumar outro para alugar do que se reduzisse o valor . Negociação é tudo. Pensou no curto prazo! Se todos fizessem isso que a FirstClass fez não teríamos tantos abusos. Apoiado e quem é cliente, vai continuar sendo. Independente do local“.
André Luis Barros, um colaborador da First Class, disse no facebook que “Não é algo contra o Downtown, mas, contra todos os shoppings! Estamos infelizmente tendo que colocar várias ações judiciais…“. A rede de lojas foi inundada de comentários de apoio por conta de seus consumidores, tanto no Facebook quanto no Instagram. O perfil oficial da rede no instagram foi bem mais direto: “Essa é uma resposta da marca a esse abuso e total falta de sensibilidade dessa indústria chamada Shopping Center!!“.
Para Wilton Alves, diretor da administradora de imóveis Sergio Castro, a situação tem ajudado na locação dos imóveis de rua: “Cada vez mais recebemos propostas e contatos de lojistas de shoppings que estão querendo vir para nossas lojas de rua, que muitas vezes não tem luvas, além de serem isentas de cobranças-penduricalho, como 13o. aluguel e taxas de publicidade”. Segundo Wilton, mais de 50 lojas já foram locadas apenas no bairro de Copacabana, desde o início do ano. “Também está ocorrendo em Ipanema, onde um novo polo gastronômico está nascendo“, completa o corretor.
O valor dos locatícios mensais, e o tamanho dos reajustes anuais – inflados pela frenética subida dos índices IGP e IGP-M – têm sido preponderantes para mudanças de ponto, e abertura de novas lojas. Uma agência da Caixa Econômica Federal que fechou antes da pandemia num Shopping do Centro da cidade, reabriu agora na Rua da Carioca, ocupando o espaço de três lojas de rua.
O movimento iniciado pela First Class gerou apoios também entre os lojistas, que estão postando no instagram e facebook a favor do protesto contra os reajustes que consideram abusivos. Criaram até uma hashtag: #ApoioFirstClass (reprodução abaixo).
O Downtown, informou, ao DIÁRIO DO RIO, no início da tarde desta segunda-feira, 04/10, que o shopping “não funciona como um modelo de shopping center. Trata-se de um condomínio, onde a negociação das lojas é livre entre proprietários e locatários. O Downtown não tem nenhum envolvimento nesse procedimento e nem atua, em hipótese nenhuma, com administração de imóveis. Informamos que o Downtown não possui nenhuma conduta e nem interferência nesse tipo de situação. Solicitamos que essa informação seja corrigida, de forma que os leitores tenham a informação correta sobre o caso. A First Class, por não concordar com o reajuste de aluguel feito por um proprietário, está se mudando da loja atual para uma outra dentro do próprio Downtown. Isso reforça que se trata de uma questão particularizada do proprietário com o locatário e que não há problema algum com o Downtown, onde a própria First Class optou por ficar, em uma outra loja”.
O tapume com cartazes de protestos promovidos pela First Class contra aumentos abusivos de aluguéis foi removido por funcionários do Downtown, como mostra o vídeo, que foi feito no último sábado, algumas horas depois da matéria do DIÁRIO ser publicada.
De acordo com informações obtidas pelo DIÁRIO, a First Class foi consultar o Downtown sobre se poderia fazer um tapume com os cartazes de protesto. O Downtown não autorizou, porque, de acordo com o shopping, isso não é permitido pela convenção, e é sujeito a multa.
Loja em shopping só aguenta grandes redes pq os shopping precisam deles para ter um grande volume de público os médicos e pequenos lojistas sofrem nas mãos dos shopping tenho um amigo que tem uma rede se sapataria em quase todos os shopping do RJ já chegou a conclusão que não vale a pena o faturamento e o dobro das lojas de rua
Mas as despesas são 5 X maiores.mesmo vendendo menos as lojas de rua da mais lucros.a ordem e acabar com todas as lojas de shopping contrato vai vencendo e não vai ser renovado se insistir vai quebrar.
O gado não sabe o poder que tem, dessa forma não juntam força contra abuso de todos, como os impostos, como já diz o próprio nome é imposto ao cidadão pagar um valor pra “manter” o sistema, como o mercado dita a oferta e a procura, se ninguém procurar tal coisa, o preço vai ter que cair, eu por exemplo não vou à um shopping no Brasil faz décadas, pois não admito pagar estacionamento, num estabelecimento onde supostamente iria gastar meu dinheiro, se o lojista já paga aluguel caríssimo, condomínio e outras taxas, que já são repassadas ao preço final de seus produtos, por que eu ainda tenho que pagar estacionamento???
Não vou!!!! E TOTAL APOIO AOS MÉDIOS E PEQUENOS LOJISTAS QUE SOFREM NAS MÃOS DESSES USURPADORES DO CAPITAL DE QUEM TRABALHA!!!!
Espero que fique muito tempo sem alugar, só dando prejuízo esse ponto para o dono mercenário!! Há de se ter compreensão em determinados períodos!
O Estado não deve se meter na propriedade privada. Isso é típico pensamento da esquerda. Como foi falado acima. Quem quiser vender com lucro que venda. Existe uma coisa chamada lei de mercado (oferta x demanda).
É normal em algumas épocas os imóveis ficarem caros e em outras baratos.
Entretanto vale lembrar que a First Class do Downtown estava em um local disputadíssimo! Do lado da praça de alimentação do shopping, que fica do lado do cinema e na praça principal do shopping. Num shopping tão grande, é normal ali o aluguel ser exorbitante
Por que muitas administradoras e grandes empresas proprietárias de imóveis, especialmente aquelas que fazem parte de bancos, resistem em baixar aluguéis?
Porque tem lastro nos papéis, papéis de títulos imobiliário, então, caso os aluguéis diminuam, reduz a atratividade desses títulos.
Todocesse mercado é rentismo. Tiram lucro sem esforço (outro exemplo é aquele que compra imóvel na planta para vender depois, com lucro, ou colocar para alugar)
É papel do Estado acabar com isso – que está longe de atender à função social da propriedade.
A função social da propriedade é satisfazer o dono dela, que a desfruta dentro da lei. Se a pessoa quer alugar aluga, se quiser usar usa, se quiser vender vende… Já quem esbulha propriedade se metendo nos contratos de aluguel só provoca desabastecimento: quanto mais difícil aplicar reajuste ou requerer despejos, menos pessoas alugam… isso provoca subida de preços: o contrário do que queremos.
Não se deve cair no papo de “função social da propriedade” como nome bonito para governo se meter no negócio alheio. Isso é conto da carochinha, papo de quem não tem coragem de dar o nome certo que as coisas têm.
Isto posto, parabéns ao negócio aí que, não aceitando o aumento, fez o que pode fazer: foi embora e arrumou uma loja mais barata e deixou a multiplan chupando o dedo.
O problema é que esse rentismo para agradar acionista não é apenas em lojas de shopping, está desequilibrando o mercado em favor de quem tem dinheiro. A propriedade tem funçao social sim, se não for diretamente controlando essa cartel, terá que ser com taxacao maior ou outras medidas para que a economia popular e a vida das pessoas de classe média e baixa não se torne mais dificil.