A Pernambucanas, varejista centenária que vende de roupa a eletrônicos está aumentando sua atuação em regiões periféricas do Rio de Janeiro. Até o Natal, a rede vai aumentar de 17 para 26 o número de lojas no Estado, ao qual voltou no ano passado após duas décadas distante. Nesses mercados, a Pernambucanas está mirando consumidores das classes C,D e E, cujo apetite dependerá, sobretudo, do futuro do auxílio emergencial.
A estratégia privilegia lojas de rua em calçadões do subúrbio da capital e de municípios da Baixada Fluminense e do interior, em endereços que ficaram vagos com o golpe sofrido pelo varejo este ano.
A companhia vai inaugurar lojas nos municípios de Duque de Caxias (duas), São Gonçalo, Nova Iguaçu e Três Rios, além de unidades no calçadão do bairro de Campo Grande, Zona Oeste, e nos shoppings Via Brasil (Irajá) e Metropolitano (Barra da Tijuca).
Nas últimas duas semanas, a varejista já havia aberto uma loja em Belford Roxo e outra em Araruama.
“Acreditamos que a loja de rua, fora do Centro, está funcionando melhor pra gente do que as estratégias de concorrentes que focam em shoppings. Com o home office, o Centro do Rio sofreu mais que outras regiões (a Pernambucanas tem loja na Rua do Ouvidor), por exemplo. Na pandemia, as pessoas ficaram mais nos bairros do que no Centro“, contou à coluna Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas, que completou.
“Com a crise, também surgiram oportunidades de imóveis vagos. Alguns endereços que antes eram impossíveis de conseguir ficaram disponíveis. Um exemplo é o calçadão de Caxias, onde vamos abrir duas lojas grandes uma próxima à outra“.
No início do ano que vem, a companhia também vai chegar ao calçadão de Bangu, na Zona Oeste.
De acordo com o executivo, o investimento médio em cada loja é de R$ 4 milhões. Ele prefere não comentar as notícias, publicadas há alguns meses, de que a Pernambucanas prepara um IPO (oferta inicial de ações) para se capitalizar.
Mas admite que parte dos recursos para financiar a expansão do grupo vem de operação recente na qual vendeu 66 lojas próprias, por R$ 450,3 milhões, a um fundo imobiliário do Crédit Suisse. A venda se deu no modelo “sale and leaseback”, pelo qual a varejista se desfaz do imóvel, mas continua no endereço, pagando aluguel.
Preocupação com fim do auxílio
Das quase 400 lojas da Pernambucanas, 80 ainda estão em imóveis próprios. No Rio, o plano é crescer por meio de imóveis alugados.
“Foi uma operação pontual, não é algo que você vai ver toda hora. Mas ainda temos um patrimônio imobiliário importante“, acrescentou Borriello.
A expectativa de Borriello é que a Pernambucanas atinja 416 lojas em abril do ano que vem, voltando ao recorde histórico que havia sido batido no início dos anos 1990. Segundo ele, embora a pandemia deva levar a uma queda nas receitas este ano por causa do segmento de vestuário, o desempenho das vendas de cama, mesa e banho e de eletroportáteis foi satisfatório.
“Óbvio que estamos preocupados com o fim do auxílio emergencial, que trará impactos nas classes C, D e E. Mas é diante dessa perspectiva que se abrem as oportunidades. Se todo mundo achasse que iria estar bombando, abrir seria mais caro. Se você está no contrafluxo, você pode ter uma vantagem. E nós temos uma visão de longo prazo“. afirmou o CEO da Pernambucanas, que completa 112 anos na semana que vem.