O DIÁRIO DO RIO publicou esta semana uma matéria que citava a ampliação de furtos de cabos na SuperVia. De forma inacreditável, o aumento foi de 220%. Não é possível que vamos achar isso normal. Crimes como esse só mostram a falência do sistema como um todo: social, judiciário, educacional, financeiro, etc. Lembro da famosa frase do Capitão Nascimento no filme ”Tropa de Elite”: ”O sistema trabalha para resolver os problemas do sistema”.
Isso fica mais do que claro. O sistema não trabalha para resolver os problemas sociais. É mais fácil acreditarmos que esses furtos são feitos por ”vagabundos” que têm que ”se ferrar mesmo” do que entender o que está acontecendo.
Furtos como esses só evidenciam a pobreza social que vivemos. Alguém já viu a classe média da Zona Sul cometendo furtos em cabos do trem? Creio que não. São crimes cometidos na maioria das vezes por jovens pobres que furtam para poder vender e conseguir algum dinheiro para alguma coisa. É mais do que um problema penal, é um problema social. Não adianta encarcerar e não oferecer o mínimo de assistência para quem faz isso.
Como advogado, já tive clientes que furtaram cabos no metrô e no trem com o único intuito de vender porque não estavam passando muitas dificuldades. Sério, vocês querem tratar essas pessoas como simples ”vagabundos”? Crimes como furtos evidenciam a pobreza. Há outros crimes em que as conversas são outras, por exemplo, mas não é o caso de furto.
Você pode pensar que existem aqueles que furtam bancos explodindo caixas eletrônicos, por exemplo, mas eu te pergunto: você já viu esses que furtam no trem cometendo esses furtos enormes? Não vai ver nunca!
O problema é muito mais que penal ou carcerário. Tem que fechar muito os olhos para não perceber isso. O Estado precisa fazer alguma coisa além de prender, sair da prisão, cometer de novo e ficar nesse ciclo vicioso. O sistema precisa urgentemente parar de trabalhar para resolver os problemas do próprio sistema.