As favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo (PPG), da Zona Sul do Rio, estarão no centro das homenagens que serão realizadas pela vereadora Luciana Boiteux (Psol) no próximo dia 28 de agosto, quarta-feira, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Às 18h30, no Salão Nobre, a parlamentar entregará a Medalha Pedro Ernesto ao jornal comunitário PPG Informativo e a Medalha Chiquinha Gonzaga para Azelina Viana, cozinheira escolar aposentada e grande liderança das favelas PPG.
Criado em 2014, o PPG Informativo é uma publicação on-line idealizada pela jornalista Ana Muza Cipriano que atende às comunidades PPG, um território marcado por desigualdades e conflitos urbanos, mas também por muita mobilização popular e resistência com o protagonismo das mulheres. O jornal surgiu da inquietude de Ana Muza, uma mulher negra e liderança local, que ao ver os problemas diários dos moradores resolveu criar um veículo de comunicação para ampliar essas vozes.
O canal é construído diariamente por mulheres que atuam na comunicação e nas favelas do território, com o lema “Cria pra cria”, levando aos moradores notícias relacionadas às preocupações mais imediatas de quem vive o território, informações sobre direitos e com uma narrativa antirracista e antimachista.
Para Boiteux, os 10 anos do jornal são um marco para a comunicação de favelas e para a visibilidade das mulheres comunicadoras: “No Brasil, as mulheres ocupam apenas 13% dos cargos de liderança em veículos de comunicação, de acordo com a pesquisa do Reuters Institute, é nítida a desigualdade de gênero nesses espaços. Homenagear os 10 anos do Jornal PPG Informativo é promover e reconhecer a importância da iniciativa das mulheres, principalmente das mulheres negras, lésbicas e de favelas, na comunicação”.
Diversas lideranças populares e organizações que fazem parte da história dos 10 anos do jornal também serão homenageadas pela parlamentar com Moção de Reconhecimento e Louvor.
Azelina Viana, a Dona Azelina, é uma mulher negra de 90 anos, uma das moradoras mais antigas do do PPG. É cozinheira escolar aposentada, trabalhou na Escola Municipal Penedo, em Copacabana, e é considerada pelos moradores uma grande matriarca na história da construção da comunidade, memória viva e consciente da favela.
Lutadora pelos direitos das crianças, pela educação popular e por incentivar a cultura local, é inspiração e referência para as mulheres negras do PPG. Ela é pioneira também do “réveillon na laje”, movimentando o turismo, a economia local e rompendo as barreiras do morro e asfalto. “Dona Zelina é ‘escrevivência’, termo criado pela autora Conceição Evaristo, uma mulher negra que reescreve histórias em suas práticas diárias, entre os becos e vielas”, destaca Boiteux.
Quando: quarta-feira, 28/08/2024
Onde: Salão Nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Praça Floriano, s/nº, Centro)