Há alguns anos ouvi entre colegas de trabalho (sou professor da educação básica) que “política é conflito de interesses”. Somando-se esta a outra assertiva muito difundida nas escolas e universidades, segundo a qual “todo ato é um ato político”, completa-se o silogismo com a conclusão lógica de que “todo ato é a defesa de um interesse” — e assim disparam-se a desconfiança e o sectarismo generalizados nas relações humanas, por cujas trincheiras se infiltram a ideologia, o relativismo e, por fim, a cultura da morte.
A coisa é intrinsecamente lógica, como o são todos os sofismas, mas — como todos os sofismas — o problema nunca está em sua lógica intrínseca, e sim no ilusionismo de um falso pressuposto despercebido. Acontece que política não é conflito de interesses — uma degenerada noção maquiavélica —, mas a ciência prática de governar com vistas ao bem comum da “pólis” (cidade). Corrija-se assim o pressuposto inicial e teremos que, se todo ato é político, então todo ato visa o bem comum — o que é evidentemente falso. A ruptura infligida ao silogismo por essa correção de premissa nos lança de volta ao esforço genuinamente filosófico de identificar a perenidade ao fundo de uma realidade sempre em movimento, isto é, à busca da verdade objetiva em referências fixas e externas ao homem, sem as quais poderemos sempre falar de “justiças”, nunca da Justiça.
Tal restauração, no entanto, ordena e imuniza demais o pensamento e, por isso mesmo, não favorece a causa revolucionária, pois interrompe a disjunção cognitiva que imobiliza a inteligência e mantém aberto o caminho mental a sofismas similares. A revolução, sendo contrária a qualquer ordenação superior, requer graves lesões ao espírito e a aniquilação da virtude. O resultado é um paradoxal “absolutismo relativista”, uma enfermidade segundo a qual, apesar de haver “muitas verdades”, algumas são tacitamente defendidas como absolutamente verdadeiras.
A banalizada propagação de falhas conceituais tão basilares em ambientes destinados a suprimi-las tem algo de herança inconsciente, viciosa e autoimune, mas não deixa de ser objetivamente maléfica. Sua principal vítima é a inteligência das novas gerações, em que se renova o cativeiro mental que assegura a aceitação a protogenocidas como Lula. É o mal agindo livremente à luz do dia.
O ex-presidiário declarou recentemente que o aborto “deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito (sic) e não ter vergonha.” Para além da sem-vergonhice, pregou ainda que “a pauta da família é muito atrasada”, e exemplificou: “Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar (sic).” É isso mesmo, leitor: Lula se sente perturbadoramente à vontade para pregar publicamente o ódio à família brasileira e a indiferença assassina dos pais para com seus filhos — filhos também da nação que ele pretende voltar a governar.
Em tempos de perseguição judicial a manifestações públicas que ousam desafiar a ideologia togada — iníqua por seu desprezo à Lei Natural —, se há um discurso cuja liberdade deveria ser absolutamente suprimida, com seus autores sujeitos aos mais duros rigores da lei por gravíssima ameaça ao bem comum, é precisamente o sobre o barbarismo contemporâneo do aborto, produto de mentes viciosas e línguas perversas sob a macabra chancela “científica” de órgãos globais de “saúde”.
Segundo o painel de estatísticas mundiais Worldometers, até este mês de abril já são 12 milhões de abortos oficiais no mundo, projetando mais de 42 milhões em apenas um ano! Nesse ritmo, bastam cinco anos de aborto legalizado/descriminalizado para superar o total de mortos sob duas guerras mundiais, comunismo, nazismo etc. ao longo de um século inteiro. O projeto de “paz” e “fraternidade” mundiais promovido pelas fundações de oligarcas bilionários como John Rockefeller III, George Soros e Bill Gates, desde meados do século XX, assenta-se na sistematização de uma carnificina de proporções nunca antes vistas, mas silenciosa e oficialmente aceita sob o eufemismo de pautas como “direitos reprodutivos” e “saúde pública”.
Quem admite o aborto — qualquer que seja a circunstância — pode até não se dar conta, mas desonra a própria natureza racional, padece de um senso de justiça gravemente deformado e desqualifica-se automaticamente a pontificar sobre dignidade humana, direitos humanos, políticas públicas de saúde etc., bem como a acusar quem quer que seja de “nazista”, “genocida” e similares, posto que admite o genocídio sumamente covarde e abominável de seres humanos inocentes e indefesos ainda no ventre de suas mães.
O abortista público obstinado deveria ser um pária, excluído de qualquer sociedade minimamente sã, posto que conspira abertamente contra ela nas pessoas de seus membros mais vulneráveis, e se a absoluta intolerância contra tal figura não se precipita urgente, clamorosa e socialmente hegemônica, é porque nos obscurecem a inteligência e o coração os efeitos de uma aguda e egóica hiperssexualização de décadas — uma desordem profunda catalisada pela revolução sexual, financiada por aqueles mesmos oligarcas —, que fez do prazer venéreo a régua da existência humana ao ponto de sacrificarmos a vida dos que inconvenientemente nos lembram, afinal, para que existe o sexo. O anti-Mandamento velado da “fraterna” religião globalista liberal é antes matar que renunciar à nossa satisfação mesquinha, efêmera e pagã.
Às portas do Tríduo Pascal, a meditação sobre a Paixão, Morte e Ressureição de Cristo se estende ao coração de Nossa Senhora, trespassado de dores ao testemunhar a humilhante flagelação e crucificação de seu divino Filho. Mais perfeita dentre as criaturas (“Ave, cheia de graça!” – Lc 1, 28), exemplo máximo de mulher, foi pelo “sim” de Maria que o Amor Infinito se fez carne (embrião) em seu ventre para a redenção do gênero humano, a mesma carne que seria depois submetida à injúria de Caifás e à tibieza de Pilatos. Maria é o vértice da feminilidade porque em nenhuma outra mulher resplandece tão plenamente que é próprio do amor ser fecundo. Contrariamente, no vértice negativo está a abortista, com a radical e sanguinária infertilidade que jorra de um coração tomado de ódio.
Dizer-se pessoalmente contra o aborto — como o fez após a má repercussão política de suas declarações — em nada diminui a monstruosidade do gesto público contra os nascituros da Pátria que Lula deveria proteger caso desgraçadamente voltasse ao poder. Dada a obstinação das ideologias mortíferas que convergem em sua plataforma política, sob a aparente isenção de um Pilatos agita-se a crueldade ativa de um Caifás. Se esta Terra de Santa Cruz já ostenta a traição inescusável de em suas leis permitir tamanha abominação em alguns casos, que Deus tenha piedade de nós e nos livre do avanço da cultura da morte pelas mãos dos inimigos políticos da família e dos nascituros brasileiros.
A todos os prezados leitores do DIÁRIO DO RIO e à nossa querida cidade, meus sinceros votos de uma Santa Páscoa — celebração do Amor que venceu a Morte.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
Engraçado que essess apoiadores do genocídio ataca com maior prazer o Lula, mas não ataca esse genocídio que negou a vacina. Isso ele não fala.
Católico?
Acho que não.
Miliciano ou apoiador de miliciano e milico?
Acho que sim!
A TROCO DE QUE VC FAZ ESSA SERIA ACUSAÇÃO, HEIN !!!???
DIGA, DIGA, DIGA???