Macacos em risco de extinção são reintroduzidos no Parque Nacional da Tijuca

Em 2015, outros animais foram reintroduzidos no parque, marcando o término da extinção local da espécie, que não era vista no PNT há mais de 200 anos

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Crédito: Marcelo Rheingantz

Equipamento mais visitado do Brasil, o Parque Nacional da Tijuca (PNT) inicia o ano com a reintrodução de mais sete macacos-bugios (Alouatta guariba) no seu habitat. A ação aconteceu no fim da manhã desta terça-feira (2), por meio da ONG Refauna. Os animais formam a nova família que vai coabitar a área de Mata Atlântica com um outro grupo de bugios, que começou a se formar em 2015. Há oito anos, um casal de primatas foi reintroduzido no parque – marco no término da extinção local da espécie, que não era vista nas Unidade de Conservação há mais de 200 anos. 

O grupo de oito macacos-bugios já residentes no parque é formado por um casal e seus seis filhotes, nascidos um cada ano desde 2015, quando teve início a refaunação. Os novos macacos inseridos são um macho e seis fêmeas, com idades entre 13 e 15 anos, os mais velhos; e os mais novos, entre 8 meses e 3 anos. O grupo tem a missão de consolidar a presença dos bugios nas florestas cariocas, além de colaborar com a dispersão de sementes de árvores para ampliar a Mata Atlântica da Unidade de Conservação.

“Precisamos recuperar a população de bugios, que são um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Os animais que serão reintroduzidos agora são o primeiro grupo liberado depois da vacinação contra febre amarela, cuja epidemia em 2017 afetou fortemente o número desses animais no Sudeste, levando à criação de um comitê de manejo integrado de bugios. Graças a uma parceria com a Fiocruz, foi adaptada a vacina da febre amarela de humanos para os primatas, garantindo a proteção dos bugios que serão soltos no Parque”, explica Marcelo Rheingantz, diretor-executivo do Refauna e biólogo da UFRJ.

A chefe do Parque Nacional da Tijuca, Viviane Lasmar, ressalta que a atuação em conjunto com a Refauna e outras instituições parceiras foi de grande importância para a reintrodução dos animais no PNT depois de anos de trabalho. A ação é um passo importante no combate à síndrome da floresta vazia, problema que pode ser resolvido através do aumento da diversidade genética da população de bugios, conforme explica Silvia Bahadian Moreira, veterinária do INEA-RJ e do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro: “É preciso aumentar a variabilidade genética e esse novo grupo praticamente dobra o patrimônio genético dessa população, aumentando as chances deles se manterem e crescerem. Eles aumentam o valor da floresta em termos de biodiversidade, já que restabelecem processos ecológicos complexos que estavam perdidos”.

Como tudo começou

O projeto Refauna foi idealizado no Parque Nacional da Tijuca após a servidora aposentada do ICMBio, Ivandy Castro, notar o desaparecimento de cutias no local. A espécie, que é comum em outras unidades de conservação, é importante dispersora de frutos. Assim, em 2008, Ivandy sugeriu a Alexandra dos Santos Pires e Fernando Fernandez a reintrodução dos animais no PNT. Desde 2020, o projeto trava uma batalha contra a defaunação, por meio da reintrodução de vertebrados em remanescentes de Mata Atlântica. Além da cutia e do macaco-bugio, o Refauna reintroduziu também o jabuti-tinga. O projeto realiza ainda o reforço populacional da trinca-ferros.

Também participaram dos trabalhos de reintrodução dos bugios no PNT: Centro de Primatologia do Rio de Janeiro do INEA (CPRJ-INEA), Fiocruz, Centro de Recuperação de Animais Selvagens da Universidade Estácio de Sá, Comitê de Manejo Integrado de Alouatta, CPB-ICMBio, UFRJ, UFRRJ, IFRJ-RJ, Ecomimesis e National Geographic Society.

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