A música “Vai de Madureira”, do cantor e compositor Zeca Baleiro, tem o refrão: “quem não pode Nova York vai de Madureira”. Caso tivesse sido composta em 1924, a frase poderia, facilmente, ser adaptada para “quem não pode Paris vai de Madureira”. Isso porque no Carnaval do referido ano, o bairro suburbano do Rio de Janeiro ganhou uma réplica da Torre Eiffel, construída pelo comerciante e cenógrafo José da Costa, com ajuda de outros membros do comércio local, com a confecção de Octavio Brandão.
De acordo com Roberto Mattos de Mendonça, integrante do Instituto Histórico e Geográfico da Baixada do Irajá (IHGBI), na época, estava na moda construir grandes estruturas provisórias no subúrbio e aquela era uma homenagem a Santos Dumont.
“O coreto media 18 metros de altura com uma base quadrada de 24 metros, contando com três pavimentos giratórios, um farol, um balão e 400 lâmpadas elétricas”, descreve o professor.
Falando em quem foi de Madureira, ou não, também em 1924, a pintora Tarsila do Amaral fez “Carnaval em Madureira”, que mostra a Torre Eiffel em pleno subúrbio. A obra esteve exposta na última grande retrospectiva da artista, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em 2012.
A obra de Tarsila, no geral, é interpretada como uma licença poética da artista, que naquele ano havia chegado recentemente da França. Visão que é contestada pelo IHGBI, que defende que a pintura mostra sim a Torre Eiffel de Madureira: o coreto erguido após os esforços de José da Costa.
“Em Carnaval em Madureira, a artista sintetiza, dom humor, seu esforço de associar elementos provenientes de diferentes culturas, representando a Torre Eiffel em meio ao carnaval carioca”, disse Regina Teixeira de Barros, curadora da retrospectiva de Tarsila lançada no CCBB dez anos atrás.
Até mesmo o site oficial dedicado à Tarsila e pela fundação que detém a obra mantém a versão da licença poética, que não é aceita pelos membros do Instituto Histórico e Geográfico da Baixada do Irajá e outros pesquisadores.
Tive um tio, que era um faz de tudo que se dedicou a fazer coretos em Madureira e Irajá, cheguei a ver alguma coisa que ele faz no bairro do Campinho em 1945.