Manto Tupinambá, que estava com a Dinamarca, é entregue à lideranças indígenas

Artefato é um símbolo espiritual da cultura indígena. O manto representa um ancião multicentenário vivo, que conecta os indivíduos diretamente com os ancestrais

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Índios tupinambás celebram a chegada da peça sagrada na Quinta da Boa Vista - Tomaz Silva /Agência Brasil

Representantes dos índios tupinambás da cidade Olivença, na Bahia, chegaram ao Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (9), para reencontrar o Manto Sagrado de seu povo. A peça estava em poder da Dinamarca desde o século XVII. O encontro, que reuniu lideranças indígenas e várias autoridades brasileiras e dinamarquesas, aconteceu no Instituto Cultural Unicirco, na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte carioca, ao lado do Museu Nacional.

Na quinta-feira (12), será uma realizada uma cerimônia oficial de entrega da peça sagrada. Os indígenas ficaram muito emocionados diante do manto. Durante a coletiva de imprensa, na Quinta da Boa Vista, a cacica Maria Valdelice disse: “Ele trouxe a força ancestral”.

O Ministério dos Povos Indígenas adiantou, em comunicado, que “todo o evento está sendo organizado em diálogo permanente com o povo para garantir o direito sagrado dos indígenas em relação ao artefato”.

A peça centenária foi doada ao Museu Nacional pelo Nationalmuseet, na Dinamarca. Ao longo desta semana, os indígenas farão uma vigília, com entoação de cantos e reza, para celebrar a chegada do manto. Também serão realizadas palestras sobre a importância dos povos originários e as suas tradições. O Manto conta com 1,80 metros de comprimento e foi confeccionado com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural.

Considerado um símbolo espiritual da cultura indígena, o manto representa um ancião multicentenário vivo, que conecta os indivíduos diretamente com os ancestrais e práticas religiosas e culturais do passado.

O Brasil não possuía peça semelhante datada desta época. Segundo O Globo, 11 exemplares dos mantos tupinambás ainda estão espalhados por museus europeus. Os itens chegavam às mãos dos povos invasores por meio de trocas, roubos ou furtos.

Na coletiva de imprensa, o cacique Sussuarana afirmou: “O manto é muito maior que a gente. Ele foi roubado pelos governos europeus. A doação do museu da Dinamarca não foi um favor.”

A cerimônia do dia 12 contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara e diversas autoridades dos governos federal, estadual e municipal, além de convidados.

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1 COMENTÁRIO

  1. Agora é torcer que, se o manto permanece no Museu Nacional, se invista na segurança do prédio histórico contra incêndio, para evitar o que ocorreu da última vez. Foram perdas de acervo inestimável!

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