O Manual Antimachismo: como enfrentar agressões de gênero no ambiente de trabalho, de Lucelena Ferreira, é uma obra essencial para compreender e combater o machismo estrutural em ambientes profissionais. Com relatos inspiradores e estratégias práticas, o manual mostra como as mulheres podem resistir às agressões de gênero e ampliar seu protagonismo. Ele foi editado pelo Senado Federal em 2022.

Veja a seguir um resumo dos capítulos do livro com exemplos e estratégias de enfrentamento.

1. Duplo Padrão de Julgamento

Definição:
Este capítulo aborda como as mesmas atitudes podem ser interpretadas de forma positiva nos homens e negativa nas mulheres. Homens ambiciosos são admirados, enquanto mulheres com o mesmo perfil podem ser vistas como arrogantes e egoístas. A autora propõe o “judô de gênero”, uma combinação de assertividade com empatia para enfrentar esse tipo de julgamento.

Exemplo:
Uma executiva foi considerada “arrogante” por ser direta em suas falas, enquanto seu chefe era visto como “determinado”. Em resposta, ela explicou de forma calma: “Estou sendo prática, não agressiva. Este é o tom necessário para essa situação”.

2. Mansplaining

Definição:
O “mansplaining” ocorre quando um homem explica algo a uma mulher de forma condescendente, subestimando seu conhecimento. Muitas vezes, ele assume que sabe mais do que ela sobre determinado assunto, mesmo quando ela é especialista na área.

Exemplo:
Rebecca Solnit relata que um homem, em uma festa, passou vários minutos explicando um livro a ela sem saber que era ela mesma a autora. Em outra situação, uma mulher em um painel respondeu: “Interessante você explicar isso, já que é exatamente sobre isso que pesquiso há anos”.

3. Manterrupting

Definição:
O “manterrupting” é a interrupção constante das falas das mulheres por homens, impedindo que elas concluam suas ideias. A mensagem implícita é que a opinião masculina importa mais.

Exemplo:
Durante uma palestra, um homem interrompeu uma participante várias vezes. Ela disse calmamente: “O senhor está me interrompendo, ainda não terminei meu raciocínio”. A plateia apoiou a fala dela, e o homem ficou constrangido.

Outra estratégia mencionada pela senadora Simone Tebet é parar a apresentação e pedir educadamente: “Posso terminar antes de ser interrompida?”.

4. Piadas, Chistes e Outras Falas Machistas

Definição:
O capítulo aborda comentários disfarçados de “brincadeiras” que reforçam estereótipos e desvalorizam as mulheres. Essas microagressões podem parecer inofensivas, mas, com o tempo, minam a confiança e prejudicam o ambiente de trabalho.

Exemplo:
Em uma reunião, um colega fez uma piada sobre mulheres serem “emocionais demais para liderar”. A mulher respondeu com ironia: “Que bom que não me disseram isso antes de eu bater as metas da equipe”.

5. Objetificação

Definição:
A objetificação acontece quando as mulheres são julgadas por sua aparência e não por suas competências. Essa atitude cria um ambiente hostil e reforça a ideia de que o valor da mulher está relacionado à sua estética.

Exemplo:
Uma gestora foi orientada a “usar seu charme” para convencer um cliente. Ela respondeu com firmeza: “Prefiro usar minha competência e preparação para isso”.

6. Negging

Definição:
O “negging” é um comentário disfarçado de elogio que, na prática, diminui a autoconfiança da mulher. É uma forma sutil de desmerecer e colocar a vítima em posição de inferioridade.

Exemplo:
Em uma apresentação, uma mulher ouviu: “Até que para alguém tão jovem, você fala bem”. Ela respondeu com segurança: “Obrigada, é resultado de muito estudo e prática”.

7. O Machocrata

Definição:
O “machocrata” é o homem que, apesar de manter uma postura polida em público, age nos bastidores para desestabilizar ou minar o trabalho das mulheres.

Exemplo:
Uma gestora relatou que seu chefe a elogiava nas reuniões, mas revertia suas decisões nos bastidores. Para lidar com isso, ela passou a documentar tudo e buscar apoio de colegas para reforçar suas iniciativas.

8. Bropriating

Definição:
O “bropriating” ocorre quando um homem se apropria das ideias de uma mulher e recebe os créditos por elas.

Exemplo:
Em uma reunião, uma colaboradora apresentou uma solução inovadora, mas minutos depois um colega repetiu suas palavras e foi aplaudido. Ela retomou a fala e reforçou: “Como mencionei antes, essa foi a proposta que apresentei no início da reunião”.

Conclusão

O Manual Antimachismo apresenta, além de definições e exemplos, sugestões práticas para reagir de forma estratégica às situações de machismo no ambiente profissional. Mulheres podem usar ferramentas como comunicação assertiva, inteligência emocional e redes de apoio para fortalecer sua presença e garantir que suas vozes sejam ouvidas.

Informo que no sítio abaixo você pode baixar o Manual em tela:

https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/605426/Manual_antimachismo.pdf

Este manual é um recurso valioso para quem busca promover um ambiente profissional mais justo e equitativo, pautado pelo respeito e pela valorização das mulheres.