A cidade do Rio de Janeiro é o principal cartão-postal do Brasil. É muito triste ver que as belas imagens de campanhas institucionais da cidade, como as vinculadas para a reunião do G20, não retratam a realidade enfrentada no dia a dia dos cariocas e moradores.
Como esquecer que em 2019, a Prefeitura do Rio estava jogando no lixo roupas, objetos pessoais, documentos e até mesmo a comida de moradores em situação de rua na cidade? E nem a ração dos animais que viviam com essas pessoas escapou de ser descartada.
Sempre lutei contra essa crueldade desde o nosso primeiro mandato, cobrando que os órgãos públicos tratassem com dignidade as pessoas em situação de rua. Durante a pandemia, realizamos inúmeras visitas aos abrigos públicos para garantir também que eles tivessem as condições de assistência à saúde para prevenir a Covid.
Foi nessa época, sempre com olhar também voltado para a causa animal, que constatamos mais uma vez como os animais são um importante elo para garantir a segurança emocional de quem vive em situação de rua. Presenciamos pessoas que se recusaram a ir para os abrigos por não poderem levar o seu animal. Ou, que tinham que abandonar os seus bichinhos nas ruas e ambos ficavam claramente abalados e sofriam muito psicologicamente.
Uma enorme crueldade com os animais e com as pessoas, que muitas das vezes têm em um animal a sua única família. Com isso, meu mandato criou um projeto de lei para impedir a separação das pessoas dos seus animais e batalhou duro para que ele fosse aprovado na Câmara de Vereadores do Rio.
Em 2021, esse nosso projeto virou a Lei nº 6.963/2021, de minha autoria, que prevê o acolhimento conjunto da pessoa em situação de rua e do seu animal, em abrigos públicos, emergenciais, casas de passagem e centro de serviços para essa população. Antes tarde do nunca, a Prefeitura do Rio lançou no final de 2023 o programa “Seguir em Frente”, iniciativa que propõe medidas de acolhimento, assistência social e saúde para a população em situação de rua. O programa colocou em prática a nossa lei, permitindo que os animais acompanhem os seus tutores nas duas unidades, o PAR Carioca, no Centro, e o PAR Sonho Meu, em Cascadura.
Aproveitei o recesso parlamentar para conferir in loco. Em Cascadura, fui recebido pela diretora da unidade, Vanessa Thomé, que me apresentou a estrutura do local, explicou como os atualmente 500 pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar e tem garantidos três refeições diárias. Tive oportunidade também de conversar e conhecer um pouco da história dos tutores dos dez cãezinhos que residem na unidade.
Retornei das duas unidades com o sentimento de alívio de saber que apesar das inúmeras melhorias que o programa ainda deve realizar para garantir mais eficácia no serviço, já é o primeiro passo. E que mais cadelinhas como a Alcione, simpática vira-lata, possam ajudar os seus tutores a terem segurança emocional e alegria para seguir em frente e lutarem por um futuro melhor.
Dr. Marco Paulo é vereador eleito pelo PSOL-RJ
Misericórdia!!
Sobre cães. Gostaria de saber quando que a lei da focinheira será cumprida, inclusive por moradores de rua.
Aliás, por que não torna como na Espanha obrigatório além de vacinações também possuir seguro de acidentes por animal?