Marmita Clandestina: Bagunça e filas difíceis de engolir

Cada vez mais pessoas migram da alimentação em restaurantes para compra de quentinhas vendidas sem licença e fiscalização, mas especialistas alertam dos riscos à saúde, perda salarial de garçons e até desemprego

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Ação social de entrega de quentinhas na Central do Brasil - Foto: Mari Moraes

Seja no Centro ou em grandes polos urbanos, como Copacabana e Ipanema, a hora do almoço gera uma correria e filas para aquisição de marmitas de rua. Há quem compre de camelôs ou até em automóveis utilizados como ”lojas”, mas a princípio isso gera uma suposta economia que pode acabar mal. Não saber a procedência dos ingredientes, ter exposição a efeitos climáticos como sol e chuva ou não ter condições ideais de armazenamento e temperatura são riscos que devem ser evitados, se possível.

A veterinária e mestre em Higiene de Alimentos Cynthia Annes explica que há três tipos de contaminação e que a alimentação de rua pode apresentar maior probabilidade de contaminação do que a de restaurante, já que os estabelecimentos certificados são submetidos à fiscalização e contam com profissionais da área de saúde, como nutricionistas, que ajudam a garantir a qualidade e segurança do alimento. “Em um restaurante, até o estoque é controlado, produtos descartados, tem verificação de temperaturas tanto quentes como frias, o tempo de exposição, utensílios utilizados, entre outros. Isso evita tanto contaminação física (por brincos, vidro e objetos em geral), como biológica ou química, além de terem mais cuidado de evitar contato ou produção de alérgenos e da higienização que tende a ser garantida. Na rua, quem não garante que a marmita não é reaproveitamento do dia anterior? Maioria dos microrganismos que causam doenças e até morte não são perceptíveis pelo cheiro ou gosto”, alerta.

Na parte social, as marmitas clandestinas também costumam causar menor renda a profissionais de gastronomia ou até desemprego. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Estado do Rio de Janeiro (Abrasel/RJ), Pedro Hermeto, ressalta que o salário final de um garçom, em média, é formado 60% de gorjetas. “Quando você tira um cliente de um restaurante, você esvazia o bolso do trabalhador. Esta concorrência desleal pode causar ainda desemprego”, comenta Hermeto.

Proprietário da rede Delírio Tropical, Rodrigo Rezende detalha que as unidades têm profissionais que se preocupam com as normas de vigilância sanitária e que paga impostos. “Somos muito mais cobrados pelos órgãos públicos, pagamos impostos e temos muito cuidado. Fica difícil competir, pois nossos custos são altos e temos preocupações com questões como descarte do lixo”, desabafa.

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Para o vereador do Rio Pedro Duarte (NOVO), a falta de fiscalização não afeta apenas a questão da venda de quentinhas, mas impacta a cidade em vários outros aspectos. “A lei precisa funcionar para todos, não só para o lojista. Ter menos guardas municipais nas ruas é uma consequência direta dessa escala absurda de 12x60h. Basta olhar outras capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Curitiba – em todas essas cidades a escala da Guarda é 12x36h. Só no Rio de Janeiro, os guardas municipais trabalham 12 horas e descansam 60. Nós estamos acompanhando de perto essa pauta, inclusive contamos com o apoio dos cariocas ao nosso abaixo-assinado que pede a revisão dessa escala”, diz Duarte, que se alterar a escala da Guarda para12h por 36, haverá um aumento em 50% do efetivo de agentes nas ruas.

Profissionais também alertaram para o uso de fermento por comerciantes de quentinhas. Com isso, conseguem que arroz, feijão e outros ítens da receita pareçam mais apetitosos, mas às vezes isso ocasiona uma baita dor de estômago.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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12 COMENTÁRIOS

  1. Você nunca passou fome na vida Amanda, por isso resolveu fazer esse ataque gratuito e covarde aqueles que empreendem vendendo quentinhas ou que participam de projetos sociais para minorar a fome, utilizando foto de uma distribuição de quentinhas na Lapa para a população de rua, para ilustrar essa matéria para lá de tendenciosa. Pode ter certeza que o público que consome esta quentinha, ou que frequenta os restaurantes populares não frequenta esses bares e restaurantes que você está defendendo! Por um motivo simples e real: não tem dinheiro. Melhor seria refletir antes de usar um espaço de jornal para esse desserviço. Faltou entre outras coisas empatia e solidariedade. Num país que milhões passam fome.

  2. Gostaria que a Abrasel oferecesse opção para os preços caríssimos de bares e restaurantes em vez de criticar a sociedade pela equação que criaram para a operação do negócio de bar ou rRestaurante. É justo pagar preços de tabela a partir de R$ 60/kg de restaurantes na região do centro por exemplo (fora bebidas que são o filé dos lucros) enquanto se compra um PF bem tirado por R$ 15 até R$ 10? É como citado em comentário anterior onde a escolha era a quentinha ou ficar sem comer. Sé é para tirar emprego a partir da ausência dos clientes nos bares tradicionais, sinto muito, é lei da oferta e procura, bicho, e viva a quentinha e o isoporzinho da cerveja. O $$$ do brasileiro e do carioca é suado.

  3. Mata-se a fome de alguma forma neste mundo cão mas os micro-organismos e bactérias e outros alienígenas desconhecidos estão ao redor doido pra tragar qq um. Não voto em E Paes, esse é um dos mais canalhas da política do Brasil junto com tantos outros canalhas. Boa sorte aos marmiteiros q vende e compra, apenas tenham cuidado, ok ?

  4. Estou procurando os restaurantes populares do governo estadual….
    Ainda existem ou foram reformados?
    O povo precisa e não acha….
    Onde estão?
    Favor informar….

  5. Matéria tendenciosa, apenas para criticar a escala da Guarda Municipal, como se fosse a culpa do problema apresentado. Este jornal junto com o nobre vereador citado na matéria deveriam trabalhar para que a GMRio não só tivesse a escala das Guardas citadas na matéria, mas também as outras vantagens e atribuições que elas têm em seus municípios. Como por exemplo: um plano de carreira, treinamento adequado, a atribuição típica de segurança pública Municipal, equipada com armamento letal e menos letal, como exige a Lei federal 13.022 o estatuto das Guardas municipais.

  6. RISCO MAIOR É NAO TER GRANA PRA COMER EM RESTAURANTE DE BURGUÊS! NAO FODE!!!
    SOU BIÓLOGO COM PÓS E MESTRADO PELA UFRPE. ESTOU DESDE 2019 DESEMPREGADO E PASSEANDO COM CACHORRO PRA TER DINHEIRO. SEMANA PASSADA FIQUEI EM PIRATININGA TOMANDO CONTA DOS CACHORROS DE UM AMIGO. PAGAVA 20 REAIS EM UMA QUENTINHA DELICIOSA! ERA ISSO OU FICAR SEM COMER

  7. Como já dito quem pode pagar mais dificilmente vai trocar um restaurante por uma quentinha de rua. Mas quem não pode fazer o quê? Arrumar um segundo emprego, uma promoção ou um outro emprego? Trazer comida de casa por vezes representa quase os mesmos riscos de uma quentinha de rua além de uma dificuldade a mais na vida do trabalhador que não tem tempo sobrando para gastar com o preparo dos alimentos. Eu nem falo como trabalhador mas como pessoa que sai a rua e às vezes quer se alimentar fora de casa está tudo muito caro. Os comerciantes e gestores deveriam apresentar estratégias competitivas que impactam o preço final e que estejam de acordo com o nicho de mercado que se quer atingir e trabalhar.

  8. Nunca li tanta merda…. restaurante com nutricionista? Será que existe outro RJ que eu não conheça?

    Falar mal da tia desempregada que ta ralando a vera pra sustentar o pao de cada dia…. que covardia.

    Tinha que ser um jornal de merda, apoiador de dudu paes, bicheiros e da familia barata.

    Espero que um dia vocês passem por dificuldades e a prefeitura tire o sustento de vocês alegando “falta de nutricionista”

    Jornal de merda, tomem vergonha na cara.

  9. Ceis me desculpem, mas qual a garantia da “higiene” e “qualidade” nos restaurantes? risco-por-risco as quentinhas não são melhor, nem pior. são as respostas na crise em que vivemos. quem quer pagar 90 reais o kg da comida, que pague. é livre pra decidir. mas quem não pode, opta pelo que é acessível. se todos pudessem, comeriam nos melhores restaurantes.

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