Em meu livro “Pesquisas qualitativas – pega a direção” (2020), escrito com o cientista político João Nonato, destaco a aleatoriedade do voto em ambientes confusos, e, portanto, abertos a qualquer tipo de resultado. Não necessariamente a máquina forte, não necessariamente o candidato forte e/ou não necessariamente a onda forte são porto seguro numa eleição. Eleitores se movem, caoticamente, por ciclos. Portanto a pergunta é: como estará a cabeça da população em 2024?
A faixa mais velha já atravessou o chaguismo, o brizolismo, o garotismo, o cabralismo e agora o claudismo. Cada um deles com sua particularidade, cada um recheado de conflitos por poder, mas todos vencedores. Na faixa mais jovem, há a total dificuldade de entendimento para onde ir, afinal, nessa trajetória curta, a molecada foi sacolejada entre Lula e Bolsonaro, sem saber ao certo qual o melhor caminho.
E na faixa do meio, a faixa que decide a eleição, entre 35 e 55 anos, há total desesperança, diante de um sem-número de mudanças nos processos que regeram sua vida na juventude e na vida adulta. Aqui está o motor do novo ciclo, que já acelera rumo a um novo “ismo”.
Em 2024, ou seja, daqui a um ano e alguns meses, essas faixas se encontrarão, em casa, no trabalho, na rua, nos bares, para se entenderem ou tentarem se convencer dos melhores candidatos a se votar. No cardápio, prefeitos e vereadores de todo o Brasil, alguns com planos futuros, outros não. Uns pensando em governo do estado ou legislativo federal, outros não.
No estado do Rio de Janeiro, 92 municípios terão eleições e muitos deles sem reeleição. Ou seja: o mandatário bem-sucedido trabalhará para transferir sua reputação ao seu herdeiro; e o malsucedido terá duplo desafio: melhorar a imagem de sua administração no tempo que lhe resta e ao mesmo tempo escolher entre seus pares o candidato mais adequado àquele cenário.
O fato é que no estado do Rio houve uma melhora qualitativa nas prefeituras em todas as regiões a partir de 2016. Prefeitos que souberam conduzir a relação com o munícipe se reelegeram sem problemas em 2020. Passar a faixa ao seu herdeiro já não será tão fácil assim em 2024. O eleitor está insípido, inodoro, inapaixonável. De um modo geral, a escolha tem passado por uma espécie de anestesia cerebral. Essa mesma sensação de paralisia pode surgir na hora de se esperar dele gratidão.
As pesquisas qualitativas de 2022 sugeriram isso. Um acordo da população com o que estava mais à vista e mais próximo. Em 2024, não bastarão obras ou movimentos inteiros em prol da cidade. Será preciso arrebatar o eleitor, estando na máquina ou não.
Uma das estratégias mais usadas nos últimos pleitos foi a tese da eliminação. Os candidatos mais fortes manejavam para que o candidato x fosse seu adversário, não dando espaço para um terceiro.
Em 2020, as pesquisas qualitativas eram claras. Na reta final, a candidata à prefeitura do Rio Martha Rocha (PDT) tinha todas as condições de estar no segundo turno para disputar com Eduardo Paes (DEM), caso: 1. Ganhasse visibilidade 2. Soubesse administrar sua candidatura. Martha acabou surrada pelos adversários e nocauteada barbaramente, sem que seu marqueteiro, um turista, soubesse o que fazer. Paes e Crivella (Republicanos) bateram e abateram Martha, o que garantiu a vitória tranquila de Paes diante de seu adversário favorito, Crivella. Caso Martha fosse para o segundo turno, com o dever de casa bem-feito, poderia ser ela e não Paes o mandatário da cidade ex-maravilhosa.
Para o governador Cláudio Castro (PL), Marcelo Freixo (PSB) era seu Crivella. Pesquisas quantitativas e qualitativas e estudos de monitoramento de imagem na internet feitas pela Prefab Future Pesquisas dentro das cidades, com coletas próprias, davam margens de diferença absurdas entre os dois. Mas isso aconteceu apenas após o anúncio de renúncia à disputa de Anthony Garotinho (União Brasil), que segurava o avanço de Castro. Após a invisibilidade de Garotinho nas cartelas de quantitativa, Castro iniciou uma subida estratosférica. Nas pesquisas da Prefab, em cidades como Nilópolis ou Volta Redonda, Castro batia mais de 40%, contra menos de dois dígitos de Freixo. Indícios de que, feitas por dentro, e não em coletas partidas de uma pesquisa estadual, não haveria segundo turno. Enquanto Ipec e DataFolha se equiparavam em números absolutos, a Prefab solidificava seus estudos e checagens de todos os tipos. E entendia que estava ali, na frente de Castro, o candidato ideal para ser batido.
É necessário estudo. E estudo em todas as plataformas, para achar o caminho correto. Lembro da eleição de 2008 em Nova Iguaçu. Meu pai, Mario Marques, ex-prefeito de Nova Iguaçu, tentara de todas as formas ser candidato. Enfrentaria Nelson Bornier e Lindbergh Farias, que tentava a reeleição. O petista tinha enorme desgaste e Bornier acreditava que venceria no primeiro turno. Para tanto, teve que eliminar meu pai do pleito – e conseguiu. O PSDB não lhe deu a legenda. Porém, na reta final, talvez sem o acompanhamento qualitativo correto, Bornier acabou perdendo a eleição em primeiro turno para Lindbergh. Meu pai, na faixa dos 13 a 15% das intenções de voto segundo as pesquisas, poderia garantir um segundo turno e até mover-se como aliado de Bornier. Decisões erradas em eleição não têm volta.
Pois há no ar uma certeza, medida pela energia estática do povo: seja na Baixada Fluminense, seja na cidade do Rio ou no interior, a questão que se apresenta em 2024 é: como estará a cabeça do eleitor? Isso está em regime de monitoramento? Isso é muito, mas muito mais importante do que escolher o adversário.
Em 2024 as eleições para prefeitura do RJ sera uma disputa bem acirrada com o atual prefeito e os pre candidatos a prefeitura pois teremos alguns bons e outros sem chance alguma .
É muito bandido e gente desqualificada , fica difícil escolher!?