Dia 22 de abril é lembrado por muitos apenas como o “Dia do Descobrimento do Brasil”. Do ponto de vista português, foi um descobrimento intencional, mercantilista e para encontrar o que havia para ser explorado em Pindorama ou no “Quinto dos Infernos” como apelidou Dom João VI, sua colônia nos trópicos.
Na verdade a mãe Terra, chamada Brasil, já tinha dono: os povos indígenas. Eram aproximadamente 4 milhões, mil idiomas e uma riquíssima diversidade cultural. Na chegada da família Real ao Brasil, reduziram-se para 700 mil, menos de 20% da população original. O “descobrimento” ocasionou um “choque epidemiológico” e custou caro aos verdadeiros donos de nossa terra que já foi sem males.
Entretanto, é preciso lembrar que 22 de abril também celebramos o dia do solo sagrado, do local de nosso início e fim: a Terra. O bispo emérito da Diocese de Duque de Caxias e São José de Meriti, filho do Concílio Vaticano II e da justa prática ensinada em “Gaudium et Spes”, Dom Mauro Morelli, nos lembrou sobre essa importante data com a seguinte reflexão:
“Hoje é dia da Terra. Bom seria que a humanidade a descobrisse como sua casa ou como a Mãe em cujo seio somos gerados, dados à luz e alimentados. Viemos de Deus pela terra e voltamos a Deus pela terra, o Planeta Azul, lindo e fecundo, hoje gemendo e esperneando. Assim cremos. Cuidar da Mãe… tão desfigurada pela degradação ambiental, fruto do progresso sem harmonia, sem respeito pelas fontes da vida, gerador de piramidal desordem social, econômica e política… com os males da fome, da peste e da guerra. Eis o tempo de conversão, lembra-te que és pó!”.
Assim seja, Dom Mauro! Porque na Cúpula do Clima, fomos obrigados a ouvir do presidente ecocida: “Determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais”. Dia da Terra ou da mentira?
E é bom lembrar que hoje completa um ano que, no Dia da Terra, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, propôs que a pandemia fosse usada para “passar a boiada”.
A casa comum não quer comemoração. Apenas que respeitemos e a amamos, como amamos a nós mesmos. Preceito distante de vermos neste “solo mãe gentil”.
Gaia nos perdoe. Nos merecemos a extinção.