O futebol do Rio é um conto de dualidades. De um lado está o (muito) próspero Flamengo, colhendo os frutos de uma gestão que conteve os gastos o máximo que pôde para garantir aos dirigentes atuais a capacidade de gastar mais dinheiro do que grande parte de seus rivais juntos. E do outro, encontram-se os três grandes restantes no Rio, cada um com uma trajetória diferente de descenso perante o futebol estadual e nacional.
O caso de Fluminense, Botafogo e Vasco da Gama não é único. Em anos anteriores, os times de São Paulo passaram por crises parecidas. Algumas delas culminaram com rebaixamentos para a segunda divisão, como foi o caso de Corinthians e Palmeiras. E essa “experiência” já foi vivida pelos times do Vasco e do Botafogo em tempos recentes.
Mas o cerne de tudo acaba sendo as más gestões que acometem instituições que carregam em sua tradição a paixão de milhões de torcedores Brasil afora. Mesmo os “votos certos” executados pelos sócios, em pessoas que presumidamente tinham tão somente o interesse em levantar o clube e não fazer pior a sua situação dentro e fora do campo, acabaram saindo pela culatra.
Apesar destas gestões, os times cariocas até que tem se saído melhor do que o esperado na batalha contra o declínio periclitante para a Série B este ano. Enquanto Botafogo e Vasco ocupavam o meio da tabela no dia 15 de setembro, o Fluminense havia acabado de sair da zona de rebaixamento após uma sofrida vitória em casa por 1 a 0 em cima do Corinthians.
Obviamente, isso não significa que os times devem baixar a sua guarda. As casas de aposta online colocam o trio carioca nas últimas posições na lista de favoritos ao título do Campeonato Brasileiro, o que denota chances relativamente altas de rebaixamento. Ao mesmo tempo, o Flamengo é visto como favorito a levantar o caneco na metade do ano; algo que ilustra ainda mais a discrepância entre o rubro-negro e seus rivais regionais.
Na internet, a crise do trio já gerou várias piadas. Uma delas é a criação de uma fusão dos times, que passaria a se chamar “Flumifogo da Gama”. Tal ideia conta até com alguns perfis de “apoio” que em dias de jogo estão sempre ativos para lembrar da iniciativa. Principalmente quando um dos times perde uma partida.
Mas deixando as piadas de lado, é bem preocupante a situação não só dos clubes cariocas em si, mas também a de outros times que não conseguem unir boas gestões com um fluxo positivo de finanças como fazem Flamengo, Palmeiras e outros poucos times brasileiros. Cada um de uma maneira diferente, desde altíssimas receitas de marketing e direitos de televisão até um alto engajamento com a torcida que se traduz em um grande número de sócios, para garantir faturamento constante por todo o ano.
O trio carioca tem potencial para atingir esses patamares. Eles já contam com torcidas bem significativas e ainda engajadas com a causa. Mas a união de maus resultados em campo com más gestões fora dele acabam por afastar não só torcedores dos estádios, mas também potenciais patrocinadores de suas camisas.
E uma das formas de sair da “vala”, o patronato, já está em desuso no Rio. O último time que aproveitou de tal situação foi o Fluminense, e de maneira até de certa maneira errônea uma vez que não aproveitou os anos de Unimed bancando a folha salarial de boa parte dos seus jogadores para “arrumar a casa” – como fez o Flamengo sob a gestão Bandeira de Mello entre 2013 e 2018.
Com isso, a tendência é que as desigualdades apenas aumentem. Uma situação que pode até ser salva com o projeto de “clubes-empresa” proposto no congresso, caso a implementação disso envolva também uma forte regulamentação sobre quem pode investir nas associações esportivas. “Um sonho”, diria o brasileiro mais antenado com as nossas práticas
Qual é do editor, vai agora reclamar como o Edmundo?
O choro é livre!