As tartarugas marinhas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, estão apresentando sinais de recuperação após anos de luta contra uma doença tumoral que comprometia seus movimentos, visão e alimentação, levando muitas delas à morte. Cientistas atribuem essa melhora significativa à recente intensificação dos esforços para despoluir as águas da baía.
Em 2022, estudos indicavam que cerca de 75% das tartarugas marinhas da região eram portadoras de fibropapilomatose, uma doença caracterizada pelo surgimento de tumores benignos, possivelmente causados por um vírus associado a condições ambientais adversas. Agora, especialistas observam uma melhora no estado de saúde desses animais.
Kassia Coelho, professora de anatomia patológica veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), relata que amostras recentes coletadas tanto das tartarugas quanto da água da Baía de Guanabara sugerem um ambiente significativamente mais saudável. “Nós analisamos a saúde das tartarugas por meio da coleta de sangue, exames dos tumores presentes e a biometria dos animais, monitorando seu crescimento e desenvolvimento ao longo dos anos“, explica Coelho. “Temos recapturado muitas dessas tartarugas, o que nos permite avaliar se elas cresceram, ganharam peso, e se houve aumento ou diminuição dos tumores.“
A Baía de Guanabara, outrora um berçário rico em vida marinha, sofreu ao longo das décadas com a poluição, devido ao despejo de esgoto e lixo. No entanto, recentes investimentos na limpeza da baía começam a mostrar resultados positivos. Alexandre Bianchini, vice-presidente da empresa de tratamento de água e esgoto Aegea, afirma que cerca de R$ 2 bilhões foram investidos na despoluição da área. “A natureza responde“, destacou Bianchini.
Gustavo Baila, oceanógrafo e professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), complementa que, embora a pesquisa ainda esteja em andamento, já é possível observar uma melhoria considerável na saúde das tartarugas desde 2023. “Observamos uma alta incidência de tartarugas com tumores e deformidades graves que prejudicavam seu desenvolvimento, mas a situação tem melhorado“, afirma Baila.
O Brasil abriga cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo, mas o habitat natural desses animais é frequentemente ameaçado pela ação humana. Conservacionistas têm pedido medidas mais rigorosas para garantir a proteção desses seres marinhos, essenciais para a conservação dos ecossistemas aquáticos.
Digamos que esse processo de despoluição seja mesmo pra valer: as tartarugas se livram do veneno dos esgotos para se ferrar nas linhas e anzóis dos pescadores sádicos.
Nossa criatividade para massacrar animais só não é maior que nossa ganância por dinheiro.