Mercado Imobiliário de olho nas eleições 2008 do Rio de Janeiro

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cesar maia Quem fala é Cesar Maia, sobre uma agenda de especulação imobiliária que pode estar sendo incluída a força para as eleições deste ano. Vou acompanhar o site dos candidatos, como tenho feito, e ver se há alguma repercussão, até porque eles também leêm o ex-blog.

RIO-2008: A AGENDA OCULTA!

1. Um  vetor que explica as campanhas eleitorais vitoriosas é a agenda. Quem impõe sua agenda sobre a dos adversários no imaginário do eleitor, é favorito. A luta pela "agenda da campanha" é uma luta que começa bem antes, durante a pré-campanha, fase que ainda vivemos, em direção a eleição municipal de 2008.

2. A agenda deve  combinar três elementos: o diagnóstico, a necessidade que se destaca e ordena as demais, e a expectativa quanto ao futuro. Em muitas eleições a repetição de um tema, ilude, e o faz parecer como sendo "a agenda". Não é tão redundante fazer uma pesquisa de problemas, e aquele que estiver na frente, se impor como agenda hegemônica. Depende inclusive da articulação daqueles  três elementos. Saúde e segurança, respectivamente, têm sido exemplos em outras eleições.

3. Numa campanha podem ocorrer também "agendas ocultas". Ou seja, agendas do interesse de setores da sociedade que não podendo explicitá-las, estimulam o candidato que vá cumprir,no poder, esta agenda oculta, embora ofereça abertamente outra agenda competitiva.

4. Na história política da Cidade do Rio há desde o ultimo quarto do século XIX, uma agenda oculta e sistemática: a questão imobiliária. O interesse dos investidores é permanente, e pressiona os atos dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Nas campanhas abastecem aqueles candidatos que cumprirão esta agenda. Há como um duto, por onde fluem nas duas direções o interesse privado e as decisões estatais.

5. Até movimentos de interesse público, são muitas vezes manipulados pelos especuladores. O higienismo do final do século XIX ao início do XX, não escapou disso. A convergência entre urbanizações de novos espaços e interesse especulativo, sempre andaram muito próximos. Foi assim em muitos momentos da história política do Rio, a ponto que se pode excluir poucos governantes que não foram  agentes ou sucumbiram à lógica da especulação (no sentido econômico), imobiliária.

6. Essa agenda -oculta e permanente- volta a estar presente no Rio em 2008. Um exemplo: as fotos publicadas pelos jornais relativas às tentativas de mobilização recentes mostram sempre como participante ativo, a representação dos agentes da especulação, que querem derrubar parâmetros construtivos estabelecidos. Simultaneamente reclamam de problemas na cidade e litigam a favor da especulação imobiliária.

7. A própria seleção dos futuros candidatos tem esta influência. Recentemente num jantar que reuniu empresários do setor, este assunto era discutido abertamente: que nome poderia romper com o dique contra a especulação imposto pela atual administração? Como influenciar para que o nome X possa ser candidato. Como “ajudar" na convenção.

8. A agenda oculta é extremamente perigosa, pois é bem patrocinada, incorpora um forte setor econômico, é insinuante e subrepticia. O eleitor muitas vezes não se dá conta dela, e decide em base as alternativas abertas de agendas. Cabe as candidaturas que se colocam na defesa dos atuais parâmetros urbanísticos estabelecidos, tornarem explícita e aberta esta agenda. E o foco como sempre será a faixa litorânea da cidade. Será e já está sendo, embora de maneira ainda oculta. E mais grave: a desordem urbanística em nome da ordem urbana.

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