Segundo reportagem do portal G1, a Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), responsável por cuidar de animais abandonados ou maltratados no Rio de Janeiro, está sendo investigada por negligência animal, condições precárias de instalações e um surto de leishmaniose entre os bichinhos do abrigo.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) também apuram a situação dos funcionários, que estão com os salários atrasados há oito meses.
A denúncia protocolada no MPRJ e no MPT, abriram inquéritos para apurar diversas infrações que estariam sendo cometidas pela atual gestão da sociedade.
A reportagem cita algumas:
- Animais sofrendo restrição de acomodação, higiene e cuidados médicos;
- Bichos juntos em pequenos espaços;
- Diminuição na quantidade de alimentação diária dos animais;
- Surto de leishmaniose dentro do abrigo;
- Animais morrendo por causa das condições precárias do local;
- Funcionários com salários atrasados por 8 meses.
O diretor-presidente da sociedade, Marcelo Marques, reconheceu a incidência de um surto de leishimaniose entre alguns animais do abrigo. Mas, segundo ele, a infecção teria acontecido a partir de um bicho acolhido da rua, que já estava com a doença.
“Muitos animais são abandonados aqui e a gente resgata. A probabilidade é do animal ter entrado com leishmaniose, que é uma doença que já está ‘viralizando’ no estado do Rio. É claro que nós íamos ter”, disse.
O diretor detalhou como os animais doentes do abrigo são avaliados.
“Quando nós detectamos [animais infectados], chamamos a Vigilância [Sanitária]. Porque a Vigilância tem a programação de fazer exame em todos os animais da Suipa. Já foram examinados cerca de 1,7 mil. Dos que deram positivo, se colhe o sangue e faz um exame mais preciso. Hoje nós temos 49 animais positivos [para leishmaniose], que a gente cuida e estão isolados”.
A direção confirmou o atraso salarial, mas explicou que faz repasse de parte dos valores para os funcionários. Segundo Marques, o pagamento não é integral porque ele precisa optar entre a compra de ração para os animais e o pagamento dos vencimentos.
“O salário atrasado é um fato, não tem como esconder. Porque aqui não se produz, a gente vive da compaixão dos outros. Que muito nos ajudam, mas precisamos de muito mais ajuda”, afirmou.
A atual administração negou que haja qualquer tipo de maus-tratos e restrição alimentar para os animais. Ainda de acordo com o diretor-presidente, houve uma diminuição no número de bichos no local por causa de uma política de controle de reprodução do abrigo, com a castração.
Ele afirma que não há registro de animais se matando para disputar comida ou morrendo por desnutrição.
O secretário municipal de Proteção e Defesa dos Animais, Vinícius Cordeiro, informou que realizou uma vistoria técnica no local e os animais começaram a ser identificados por chip. Segundo ele, a instituição recebeu dois mil chips para fazer o acompanhamento dos animais.
“Houve uma denúncia recebida no mês de novembro. Quando eu assumi a secretaria eu pedi a apuração e a gente determinou uma vistoria técnica de um médico veterinário na instituição”.
Ainda segundo o secretario, o surto de leishmaniose foi apenas local.