Um monitoramento de corais realizado por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) observou o branqueamento de cerca de 80% da população da espécie mussismilia hispida, na Baía da Ilha Grande, entre março e abril de 2024. Como não há registro de lançamento de produtos químicos na água, a hipótese é que o aumento da temperatura das águas seja a causa do fenômeno.
O branqueamento ocorre após a perda das zooxantelas, microalgas que cobrem os corais e são responsáveis por sua coloração alaranjada. Esses seres vivem em simbiose, pois, os corais aproveitam a matéria orgânica resultante da fotossíntese das microalgas. Quando há estresse devido ao aumento de temperatura no ambiente ou à poluição, há um desequilíbrio na simbiose, que provoca a expulsão das zooxantelas e deixa a estrutura calcária dos corais exposta. Sem os nutrientes, eles morrem.
O trabalho de monitoramento é realizado de forma contínua por integrantes do Grupo de Pesquisa em Ecologia e Dinâmica Bêntica Marinha, da Faculdade de Formação de Professores (FFP), da Uerj. Para o professor Luis Felipe Skinner, coordenador do grupo, um dos fatores que favorecem a elevação de temperatura na Baía da Ilha Grande são suas características geográficas, com o confinamento das águas.
“Tivemos o El Niño e as ondas de calor com uma alta intensidade solar no período, que aquecem principalmente as águas superficiais. Como a baía é rasa, ela aquece com muito mais facilidade e rapidez”, explica.
Para monitorar os corais, os pesquisadores utilizam técnicas de mergulho para observação, anotações e fotografias que depois são analisadas em laboratório. A partir de uma escala de cores e do registro de outras características físicas dos corais, eles conseguem verificar não só o branqueamento, mas também a velocidade de crescimento, distribuição da população, crescimento de algas em tecidos mortos.