Moradores denunciam caça predatória de jacarés nas lagoas da Zona Oeste

Animais são capturados para o comércio ilegal de carne e para serem domesticados, apontam denúncias

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Construções irregulares às margens da Lagoa de Jacarepaguá — Foto: Divulgação

Moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro denunciaram a prática de caça predatória de jacarés nas cinco lagoas que compõem o Sistema Lagunar de Jacarepaguá. Segundo relatos, os jacarés, da espécie Jacaré do Papo Amarelo, são capturados com vida e vendidos ilegalmente para o consumo de carne ou como animais de estimação. Em alguns casos, os animais são negociados com traficantes e chefes de facções criminosas.

As lagoas afetadas pela caça ilegal incluem as lagoas Marapendi, Taxas, Tijuca, Jacarepaguá e Camorim, onde a espécie habita desde o século passado. De acordo com os denunciantes, os caçadores utilizam armadilhas artesanais feitas de garateias, cordas e garrafas pets, atraindo os animais com restos de aves ou porcos. Os filhotes são frequentemente capturados para serem engordados e vendidos posteriormente.

“Eles estão fazendo garateias no deck de Rio das Pedras e capturando filhotes para criar em caixas d’água em prédios abandonados,” revelou um dos moradores da comunidade Rio das Pedras, onde a prática é mais evidente.

Comércio ilegal: carne e animais de estimação

Os jacarés capturados são vendidos nas feiras locais, como nas feiras de Rio das Pedras e Gardênia Azul, muitas vezes de forma clandestina em carros e Kombis. Além disso, parte dos compradores transforma os jacarés em animais de estimação. Segundo as denúncias, o comércio ilegal envolve até grandes facções criminosas.

Impactos ambientais e de saúde pública

Os biólogos Ricardo Freitas e Mário Moscatelli, em entrevista ao RJ2, alertaram para os graves impactos da caça predatória sobre o ecossistema local. Segundo eles, o Jacaré do Papo Amarelo é um predador de topo de cadeia, desempenhando um papel regulador no equilíbrio ecológico. A redução dessa espécie pode provocar o aumento de pragas como mosquitos e roedores, que são prejudiciais à saúde humana.

“A extinção dessa espécie pode levar ao colapso de outras espécies e ao desequilíbrio ambiental. Além disso, esses animais, que vivem em ecossistemas já degradados, têm sua carne contaminada, o que pode resultar em sérios riscos à saúde pública para quem consome”, alertou Mário Moscatelli.

Os biólogos ainda cobram políticas públicas efetivas para a gestão da população desses animais, destacando o potencial econômico do ecoturismo, que poderia ser uma alternativa à caça ilegal.

Resposta da Prefeitura

Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Clima informou que não recebeu denúncias sobre a caça de jacarés neste ano. O órgão destacou que possui uma coordenadoria específica para a fiscalização da captura de animais silvestres e que planeja intensificar as ações na região para combater essa prática.

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