O menor bairro da Zona Sul, espremido entre as montanhas e o mar, virou “modinha” entre os cariocas. Descolado e badalado, o Leme sempre foi conhecido por suas águas mais limpas e uma praia mais vazias da região – comparado a Copacabana. Popularmente apelidado de “Leme de Noronha” por causa da transparência de suas águas, o local vem conquistando a garotada.
Mais afastado das principais estações de metrô – a mais próxima, Cardeal Arcoverde, fica a 20 minutos a pé – a Praia do Leme era uma espécie de “refúgio” tranquilo, muito procurado por quem vive por ali. Contudo, essa tranquilidade tem sido desafiada pela crescente popularidade do bairro, cuja orla de apenas 950 metros, que vai da Avenida Princesa Isabel até a Mureta do Leme, está cada vez mais cheia. A fama tem gerado desconforto entre os moradores.
Verticalizado na onda da especulação imobiliária de Copacabana, o Leme abriga edifícios antigos, raridade dos anos 50 e 60, que ainda são ocupados por uma população mais idosa. A agitação provocada por música alta e a aglomeração de pessoas, além do lixo deixado na praia, têm tirado o sono dos mais antigos. À noite, quando a maioria dos banhistas se despede da praia, o Leme se transforma, atraindo ainda mais pessoas. Os moradores expressam sua preocupação: “O barulho é tão intenso que pode ser ouvido dentro dos apartamentos à beira-mar.”
As queixas se intensificam com a música alta dos quiosques, alvo de reclamações da Associação de Moradores do Leme (AmaLeme), especialmente com a chegada do verão, quando essa prática tende a se intensificar. Após a saída dos banhistas, um rastro de sujeira e lixo é deixado nas ruas e, principalmente, nas areias da praia.