A jornalista Cristiana Lôbo morreu na manhã desta quinta-feira (11/11), em decorrência de um meiloma múltiplo, câncer do qual se tratava há alguns anos, agravado por uma pneumonia contraída nos últimos dias. Ela tinha 64 anos e estava internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo. As informações sobre velório, que será realizado em Brasília, ainda não foram divulgadas.
“Cris era uma profissional ímpar. Eu comecei a trabalhar com ela em 1991, em Brasília, quando dirigi a sucursal do Globo. Nesses 30 anos, Cris sempre se mostrou uma profissional exemplar, correta, zelosa, ansiosa pela notícia em primeira mão. Pude sempre reconhecer nela um ser humano doce, gentil, amigo das pessoas. O jornalismo perde um talento enorme. Pelos depoimentos que ouvi, porém, a generosidade dela ajudou a deixar incontáveis discípulas e discípulos. É um grande legado”, afirma Ali Kamel, diretor de Jornalismo da Globo.
Nascida em 18 de agosto de 1957, em Goiânia, Cristiana dos Santos Mendes Lôbo se formou em jornalismo na Universidade Federal de Goiás. O sonho era ter um programa de música no rádio. Mas foi no jornalismo político que se destacou, sendo referência para muitas jornalistas que seguiriam seus passos e exemplo.
Começou a carreira cobrindo a política do estado de Goiás, até se mudar para Brasília. Em quase 40 anos de carreira, cobriu os governos João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Roussef, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Quando entrou para o jornal O Globo, em 1979, foi repórter setorista de diferentes pastas, como a do Ministério da Saúde, onde viu ser criada a carteira de vacinação, e a de Educação, mas especializou-se mesmo na cobertura política. Em 1984, Lôbo cobriu as primeiras eleições diretas no país. “Foi ali que aprendi que você tem de trabalhar de manhã até a noite. E nunca larguei disso”, contou em entrevista ao site Memória Globo.
Ainda no jornal O Globo, trabalhou na coluna Panorama Político e na Coluna do Swann. E foi se especializando em notas curtas – o que a ajudaria, anos depois, no trabalho na televisão. Antes disso, após 13 anos em O Globo, Cristiana transferiu-se para O Estado de São Paulo, onde assumiu a coluna política do jornal.
A estreia na televisão foi na GloboNews, em março de 1997. Passou a integrar o time de comentaristas do Jornal das Dez, analisando os principais fatos da política e os bastidores do poder. Comandou o programa ‘Fatos e Versões’, participou de coberturas especiais e marcou presença em quase todos os telejornais do canal, onde estava até hoje. Além do trabalho na GloboNews, Cristiana Lôbo também escrevia para um blog de política no g1.
Em 2016, Cris Lobo foi uma das convidadas por Jô Soares para debater a política do país no quadro ‘Meninas do Jô’, por onde também passaram nomes como Natuza Nery, Andréia Sadi, Flávia Oliveira, Zileide Silva, Sonia Racy, Mara Luquet, Vera Magalhães, Cristina Serra, Lillian Witte Fibe, Lucia Hippolito, Mariliz Pereira Jorge, entre outras grandes jornalistas políticas.
Cris Lôbo deixa o marido Murilo, os filhos Bárbara e Gustavo e os netos Antônio e Miguel.