O historiador Manolo Garcia Florentino, de 63 anos, morreu na noite desta sexta-feira (12), no Rio de Janeiro, após uma parada cardiorrespiratória. Ele era professor aposentado do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Programa de Pós-Graduação em História Social da mesma instituição (PPGHIS/UFRJ). Florentino é considerado um dos grandes especialistas em história da escravidão nas Américas e no Brasil, tendo lançado diversos artigos e livros nessa área.
Florentino nasceu no Espírito Santo, em 1958, e graduou-se em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1981. Quatro anos depois tornou-se mestre em estudos africanos pelo Colégio de México e em 1991 concluiu o doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFF. Em 1988 foi aprovado no concurso para o então Departamento de História (hoje Instituto de História) da UFRJ, onde trabalhou até 2019. Em 2009 recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico e de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2015 foi presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio.
Um de seus livros mais importantes é “Em Costas Negras – Uma História do Tráfico de Escravos Entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX)”, que recebeu o Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa em 1993. A obra renovou a historiografia sobre o tráfico atlântico de negros escravizados e formulou novas análises sobre a sociedade e a economia do período.
Outra obra fundamental de Florentino foi “O Arcaísmo como projeto”, escrito em coautoria com João Fragoso, seu colega no Instituto de História da UFRJ, e lançado em 1998.
Florentino foi também um dos responsáveis pelo banco de dados Slave Voyages, projeto de História Digital que abrange quase 35 000 expedições negreiras ocorridas entre 1514 e 1866. Ele foi responsável pelas informações sobre o tráfico português e brasileiro.
Em 2019, o PPGHIS/UFRJ publicou uma moção de reconhecimento ao professor Florentino pelos 30 anos de casa: “Professor Florentino foi uma das principais forças propulsoras do nosso programa, um coordenador arguto e eficiente e um orientador incansável, com um compromisso inquestionável junto à instituição. Sua contribuição à historiografia brasileira ultrapassa os limites deste programa, e foi fundamental para que o PPGHIS alcançasse reconhecimento como um programa de excelência”, afirmava a homenagem.
A Reitoria da UFRJ divulgou nota de pesar pela morte do ex-professor: “Lamentamos profundamente a perda irreparável deste brilhante pesquisador na cena científica nacional e do capital de pesquisas que deixa a todos nós”.