Morre médico formado na URFJ que participava de testes com vacina de Oxford contra Covid-19

João Pedro R. Feitosa de 28 anos morreu no último dia 15 de outubro em decorrência de complicações da Covid-19. Ele era voluntário na pesquisa sobre a vacina de Oxford

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Médico João Pedro Feitosa morreu no dia 15 de outubro — Foto: Reprodução/Facebook

O médico recém- formado, João Pedro R. Feitosa, de 28 anos, que participava como voluntário dos testes da vacina de Oxford contra o Coronavírus, morreu por complicações decorrentes da doença. Contudo ele recebeu placebo e não a vacina. O profissional de saúde se formou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O caso foi revelado nesta quarta-feira (21) pelo jornal O Globo.

Em nota. a universidade lamentou a morte de João Pedro Feitosa. “A Reitoria da UFRJ — juntamente com toda a comunidade universitária — presta sinceras condolências aos familiares e amigos do nosso ex-aluno em meio a esse momento de tristeza“.

No comunicado, a UFRJ informou que ele se formou no ano passado e estava “atuando na linha de frente no combate ao coronavírus nas redes privada e municipal de Saúde do Rio de Janeiro.”

A AstraZeneca, empresa responsável pela pesquisa em parceria com a universidade de Oxford, alega cláusulas de sigilo para não divulgar detalhes do caso. Desenvolvedores dizem que o comitê não viu preocupações de segurança relacionados ao caso.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, nesta quarta-feira (21) que foi notificada do óbito na segunda (19/10), e que foi informada que o comitê independente que acompanha o caso sugeriu o prosseguimento do estudo. “O processo permanece em avaliação“, disse a Anvisa.

Mais cedo, o Centro Acadêmico Carlos Chagas(UFRJ) fez uma publicação nas redes sociais lembrando a trajetória do ex-aluno da universidade.

João, acho que poderia nesse pequeno texto lembrar do quão bom médico e aluno exemplar você foi, mas acho que a recordação que vou mencionar a todos aqui será outra. Quero guardar para sempre o quão bom namorado, irmão e amigo você foi. A dor no peito, o vazio e saudade desde que você se foi crescem a cada instante e o que nos dá força nesse momento além do carinho de tantos amigos que você fez na vida é lembrar de como você era”, diz um dos trechos.

De acordo com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), responsável pelos testes no Rio de Janeiro, até o presente momento, já foram vacinados aproximadamente 8 mil voluntários no país.

Em nota, o IDOR informou que não poderia confirmar a participação de nenhum voluntário no estudo clínico com a Vacina de Oxford.

Contudo, a instituição diz que, diante dos dados coletados em testes em todo o mundo, não existem dúvidas sobre a segurança da vacina.

“Gostaríamos de informar que, após a inclusão de mais de 20 mil participantes nos testes ao redor do mundo, todas as condições médicas registradas foram cuidadosamente avaliadas pelo comitê independente de segurança, pelas equipes de investigadores e autoridades regulatórias locais e internacionais. Vale lembrar que trata-se de um estudo randomizado e cego, no qual 50% dos voluntários recebem o imunizante produzido por Oxford”.

“A análise rigorosa dos dados colhidos até o momento não trouxe qualquer dúvida com relação a segurança do estudo, recomendando-se sua continuidade”, dizia a nota.

O estudo com a vacina, uma das maiores apostas do Governo Federal no combate a Covid-19, está na fase 3 dos testes, e eles começaram no Brasil em junho.

Antes da fase 3, sua segurança foi verificada em pesquisas com um número menor de voluntários e nenhuma reação grave foi verificada, somente reações leves.

O Ministério da Saúde prevê o desembolso de R$ 1,9 bilhão para o projeto AstraZeneca/Oxford, e espera oferecer 100 milhões de doses no primeiro semestre do ano que vem, caso os estudos confirmem sua eficácia e segurança. Além disso, prevê produzir mais 165 milhões de doses no Brasil no segundo semestre.

Segurança da vacina de Oxford

Um estudo com resultados preliminares da vacina de Oxford (AZD1222) foi publicado em 20 de julho, na revista científica “The Lancet”. A pesquisa cita reações consideradas leves e moderadas e não fala sobre efeitos colaterais graves:

  • Dor após a vacinação: 67% sem paracetamol; 50% com paracetamol.
  • Fadiga: 70% sem paracetamol; 71% com paracetamol.
  • Dor de cabeça: 68% sem paracetamol; 61% com paracetamol.
  • Dor muscular: 60% sem paracetamol; 48% com paracetamol.

Os testes iniciais, das fases 1 e 2, foram realizados na Inglaterra, com 1.077 voluntários, divididos em dois grupos: 543 pessoas receberam a vacina experimental, e outras 534 receberam uma vacina de meningite (o grupo controle) – 56 participantes da vacina experimental receberam paracetamol profilático.

Veja a íntegra das notas da Anvisa e da UFRJ

ANVISA

“Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.

Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.

A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.

A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira.”

Foi com profundo pesar que a Reitoria da UFRJ teve ciência que nosso ex-aluno João Pedro Rodrigues Feitosa faleceu na última quinta-feira, 15/10, decorrente de complicações da COVID-19.

UFRJ

Formado em meados do ano passado no curso de Medicina da Universidade, João — que inclusive foi ex-aluno da reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho — estava atuando na linha de frente no combate ao coronavírus nas redes privada e municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

Segundo informações veiculadas pela imprensa, João foi voluntário em instituto privado de pesquisa na participação de testes clínicos da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório Astrazeneca. Lembramos que a UFRJ não atua na testagem de vacinas estrangeiras e segue no desenvolvimento de pesquisa própria para imunização contra a COVID-19.

A Reitoria da UFRJ — juntamente com toda a comunidade universitária — presta sinceras condolências aos familiares e amigos do nosso ex-aluno em meio a esse momento de tristeza que ceifou a vida do João, que havia acabado de se diplomar e não poupou esforços para atuar no enfrentamento da pandemia de COVID-19 que já acumula mais de 40 milhões de casos no mundo.

Desejamos e transmitimos toda força neste momento de profunda consternação.

Reitoria da UFRJ

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3 COMENTÁRIOS

  1. Por enquanto, apenas a vacina inglesa AstraZenica tem cobaia humana morta.
    E aí, pessoal que gosta de criticar a China (??) agora vai ficar pianinho porque a chinesa ainda não teve nenhum acidente no percurso (???)

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