Morre no Rio a ex-deputada Sandra Cavalcanti

A ex-deputada estadual Sandra Cavalcanti, de 96 anos, teve uma parada cardíaca, em seu apartamento na Zona Sul da cidade

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Sandra Cavalcanti em foto do arquivo do JORNAL DO BRASIL

A ex-deputada estadual Sandra Cavalcanti, de 96 anos de idade, morreu de parada cardíaca nesta sexta-feira (11), em sua residência no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação é da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O corpo da ex-deputada, que não deixou herdeiros diretos, será velado e sepultado neste sábado (12), no cemitério São João Batista, em Botafogo.

O presidente da Alerj, o deputado André Ceciliano (PT), falou sobre a importância da atuação política da ex-deputada para o Estado do Rio de Janeiro.  

“A lembrança que fica da história da Sandra Cavalcante é de uma parlamentar altiva, convicta das suas ideias, combativa e defensora das causas sociais. Certamente, ela deixou um relevante legado na história política do nosso estado e do Brasil. Foi uma brilhante deputada no período em que exerceu mandato na Assembleia”.

O jornalista e Diretor-Presidente do Instituto Liberal do Rio de Janeiro, e amigo de Sandra Sandra Cavalcanti, Lucas Berlanza, declarou ainda:  “Ante as pequenezas do mundo, sentar-se diante da professora Sandra Cavalcanti era contemplar uma lente para a grandeza. Era viver a experiência surreal de um encontro direto com a História. Jamais esquecerei a generosidade com que ela tratou, não só a mim, mas ao meu trabalho. As más línguas falarão dela com distorções asquerosas e insultos vis. Ao menos, porém, farão o registro. O mais triste é que, mesmo entre nossos pretensos liberais e conservadores, muitos não saberão o que significou esta personagem que encerrou sua trajetória biográfica. Espero que mais pessoas a conheçam e possam ser gratas a ela pela grande luta que travou.”

Graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Sandra Cavalcanti, que nasceu em Belém (PA), em 30 de agosto de 1925, sempre demonstrou preocupação com a educação pública brasileira, tendo sido professora do Instituto de Educação e membro da Juventude Universitária Católica.

A partir da década de 1950, a professora Sandra começou a trabalhar na imprensa, fato que pavimentou a sua iniciação política sob a influência de Carlos Lacerda, político Udenista, e ex-governador do Estado da Guanabara, de 1960 a 1965. Sandra atuou como diretora de um Jornal na TV Tupi, além de ter participado do corpo de jurados do “Programa de TV Flávio Cavalcanti” e do programa Manchete Shopping Show, na TV Manchete.

Em 1954, Sandra Cavalcanti foi eleita vereadora pela então Distrito Federal e, em 1960, deputada estadual, obtendo 14,513 votos, pela Guanabara. Em 1964, foi convidada por Carlos Lacerda para assumir a Secretária de Serviços Sociais. Sob o seu comando a pasta promoveu uma série de remoções de favelas que lhe renderem acusações de “higienização” dos morros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Foram inúmeras as denúncias de incêndios premeditados em barracos e supostos afogamentos de mendigos no Rio da Guarda, acusações veementemente negadas pela ex-deputada e, por ela, atribuídas aos seus opositores políticos: comunistas e brizolistas. Data dessa época, a construção dos conjuntos habitacionais, da Cidade de Deus, da Vila Kennedy e da Vila Aliança. Como presidente do Banco Nacional de Habitação (BNH), Sandra se tornou uma incentivadora das cooperativas habitacionais.

Em 1974, foi eleita novamente deputada estadual à Assembleia Constituinte Estadual, na nova unidade da Federação, sendo a mais votada do seu partido (Arena), com 34.516 votos. Pioneira, Sandra Cavalcanti defendeu a criação do Ministério para Assuntos Femininos.

Sandra Cavalcanti também exerceu mandato como deputada federal, tendo sido a segunda política mais votada no Estado do Rio de Janeiro. Em 1995, assumiu a Secretaria Extraordinária de Projetos Especiais da Prefeitura do Rio de Janeiro, sob a coordenação de César Maia, tornando-se membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social. Em 1997, com Luiz Paulo Conde à frente da prefeitura, Sandra coordenou a visita do Papa João Paulo II à cidade.    

Sandra Cavalcanti, além de botafoguense convicta, deixou um legado de dedicação à educação, e à habitação popular e ao Rio de Janeiro.

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