Morro do Pinto, no Santo Cristo, vem se consolidando como o novo point das rodas de samba no Rio

Com mirantes deslumbrantes, preços acessíveis, localização privilegiada e excelentes rodas de samba, esses estabelecimentos não só impulsionam a economia local, mas também atraem uma diversidade de cariocas e turistas

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Foto: Capiberibe 27

A Lapa e a Pedra do Sal que não deem bobeira, que estão prestes a perder o posto de ponto das rodas de samba do Rio. Agora, essas duas localidades da Região Central veem surgir um concorrente de peso bem próximo dali, no bairro do Santo Cristo, na Zona Portuária. O Morro do Pinto, antes uma área residencial daquelas que mais se parece cidade de interior, está se transformando rapidamente em um novo centro do ritmo que define a alma carioca. Com os lançamentos imobiliários do Porto, o bairro está prestes a receber quase 12 mil novos habitantes, o que tem atraído empresários do entretenimento da cidade, com olhos bem abertos e interessados nessa área.

O Morro, que não é uma favela – diga-se de passagem – parece reunir todos os ingredientes para o sucesso típico do Rio: uma vista privilegiada para uma das áreas mais icônicas da cidade, uma localização estratégica, preços acessíveis e uma comunidade apaixonada pela cultura local. Quem passa de trem ou carro pela Francisco Bicalho e Presidente Vargas já avista o morro, que é um refúgio que lembra mais o Rio do século passado. O destaque é a Igreja de N.S. de Montserrat, visível de várias partes da Região Central.

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Morro do Pinto

O nome do morro homenageia Antônio Pinto Ferreira Morado, um influente comerciante que possuía terras na área. Suas ruas sinuosas, que podem ser acessadas pela Rua Sara ou pela Rua do Pinto, são ladeadas por sobrados históricos, muitos exibindo marcas do tempo nas paredes. É um lugar onde os vizinhos se conhecem pelo nome, e onde é comum sentar nas calçadas e nos botequins para apreciar a vida passar. Além disso, mirantes completam o cenário tipicamente carioca, com vistas para a Central do Brasil, Cristo Redentor, Centro do Rio e para toda a Zona Portuária

A ocupação urbana do Morro do Pinto teve início em 1875, nos terrenos que pertenceram ao Barão de Mauá, com o loteamento visionário de Antônio Pinto. Inicialmente, seis ruas e quatro travessas foram abertas, mas o desenvolvimento continuou com novos loteamentos que atraíram mais moradores, ampliando significativamente a população do bairro. A iniciativa foi considerada um marco na expansão urbana do Rio de Janeiro, rompendo os limites do perímetro central da cidade.

Bar do Omar

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Um dos primeiros empreendimentos a apostar no potencial do Morro do Pinto foi o Bar do Omar, um estabelecimento que existe há 24 anos e que recentemente ganhou fama pela sua atmosfera única e pelo compromisso político declarado com a esquerda. O bar premiado tornou-se um ponto de encontro obrigatório para os cariocas que buscam não apenas uma boa cerveja e samba de qualidade, mas também um ambiente acolhedor e culturalmente engajado. Nos finais de semana, é garantida uma animada roda de samba que atrai multidões, contribuindo para a expansão do bar nos últimos anos. Além de cariocas de diversas partes da cidade, o estabelecimento recebe muitos turistas que procuram uma roda de samba genuína (aliás, há tempos que a Pedra do Sal perdeu esse sentido).

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O bar também contribui para a economia local. Localizado na Rua Sara, 114, com o alto movimento nos finais de semana, moradores do morro acabam abocanhando uma lasquinha do sucesso, colocando barraquinhas com bebidas e comidas ao redor. Arrisco a dizer que o estabelecimento é um dos que mais destaca o termo custo-benefício, com cervejas e pratos a um ótimo valor e entrada gratuita (quem gosta de samba sabe que qualquer roda boa no Rio tem entrada paga).

Na pegada do sucesso

O sucesso do Bar do Omar foi tão instantâneo que o Morro do Pinto viu surgir outros estabelecimentos que respiram samba e seguem a mesma proposta do seu concorrente. Esqueça os passeios chiques e sofisticados. A proposta do rolé é simples e tipicamente carioca, enraizada na cultura e na tradição do samba, com um trecho de 600 metros que abriga esses novos estabelecimentos. Começando no pé do Morro, na Fábrica Bhering, na Rua Orestes, 28. Com uma área construída de mais de 15 mil metros quadrados, abriga aproximadamente 80 ateliês de arte em pleno funcionamento. A fábrica, um dia uma das maiores do país, foi notória pela produção e exportação de chocolate. O terreno ficou abandonado por mais de duas décadas até 2005, quando uma onda de artistas e comerciantes revitalizou o espaço. Aos sábados, os espaços oferecem programações especiais, como aulas, exposições e a roda de samba (todo primeiro sábado do mês, a partir das 17h). O local proporciona vistas espetaculares no seu terraço, especialmente ao pôr do sol na Baía de Guanabara.

Outra opção para incluir no roteiro é o Bar do Molejão. Aberto de quarta a domingo, o bar é simples e pequeno (bem a cara daqueles que nossos avôs e tios frequentam no subúrbio), nostalgia pura! Toda a festa acontece na rua, de maneira bastante democrática, com as rodas de samba lotando a Rua Carlos Gomes, em frente ao estabelecimento localizado no número 74. Um dos destaques são as barraquinhas de comidas caseiras; entre elas, a mais famosa do Morro é a Delícia das Favelas, que há mais de 10 anos é referência no bairro portuário, que fornece comida caseira até para os eventos que a galera organiza.

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Capiberibe 27

Inaugurado em 2022, o Capiberibe 27 também é um verdadeiro marco de revitalização. O centro cultural emergiu dos escombros da antiga Fundição Zani, um patrimônio dos anos 1930 que passou décadas abandonado após o encerramento das atividades fabris. Em 2019, um grupo de amigos e vizinhos comprou o prédio e, após uma significativa reforma, transformou-o em um espaço vibrante que se tornou rapidamente querido pelo público. Com uma área de 1.500 metros quadrados, o Capiberibe 27 oferece pátios cobertos e ao ar livre, salas de exposição, lojas e até um minimuseu. As famosas rodas de samba atraem multidões, muitas vezes formando filas na entrada. Localizado na Rua Capiberibe 27, o centro cultural adota um sistema de entrada colaborativa, a partir de R$ 10, com possibilidade de venda de ingressos antecipados online.

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