Mudanças climáticas ameaçam orla de Niterói: pesquisa revela zonas críticas

Levantamento da UFF mapeia vulnerabilidades ambientais e sociais de Niterói diante da elevação do nível do mar até 2100; regiões da Baía e Oceânica concentram riscos distintos.

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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) mapeou as áreas mais vulneráveis de Niterói à elevação do nível do mar até o ano de 2100. A pesquisa, publicada na revista científica suíça Coasts, utilizou uma matriz de vulnerabilidade ambiental para avaliar nove regiões da cidade, considerando aspectos naturais e socioeconômicos.

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De acordo com os dados, as áreas voltadas para a Baía de Guanabara apresentam maior fragilidade social, com destaque para bairros como Barreto e parte do Centro, onde há alta densidade populacional e renda per capita inferior a R$ 650. Já a Região Oceânica concentra os riscos ambientais mais elevados, por abrigar ecossistemas sensíveis, como manguezais e restinga, além de enfrentar forte impacto das ondas.

“A maioria dos municípios brasileiros não está preparada para enfrentar as mudanças climáticas. A escassez de recursos e a falta de capacidade técnica são as principais razões para esse desnível. Entra aí a contribuição da universidade para alimentar e alertar os tomadores de decisão”, explicou o professor Fábio Dias, do Departamento de Geografia da UFF, orientador do projeto.

Segundo o estudo, em um cenário otimista, com aumento de 0,50 metro no nível do mar até 2100, eventos extremos de maré e ressacas podem elevar as águas em até 1,80 metro acima do nível médio atual. Isso colocaria em risco direto mais de nove mil moradores da Região Oceânica e comprometeria cerca de dois milhões de metros quadrados de vegetação.

A pesquisa também apresentou dados de densidade populacional: enquanto as Praias da Baía têm aproximadamente 13.900 habitantes por quilômetro quadrado, bairros como Itacoatiara, na Região Oceânica, têm apenas 537. Em termos de renda, o contraste entre bairros é igualmente expressivo. Icaraí, por exemplo, tem média de renda per capita superior a R$ 1.700.

Entre as medidas sugeridas pelos pesquisadores estão o fortalecimento de estruturas de proteção costeira, o controle do crescimento urbano e a ampliação de políticas públicas voltadas à gestão ambiental.

Como parte das ações municipais, a Empresa de Infraestrutura e Obras de Niterói (ION) concluiu o projeto básico para a construção de um reservatório subterrâneo no Estádio Caio Martins, em Icaraí. Com capacidade para armazenar até 80 milhões de litros de água, o piscinão ocupará dois terços do campo e exigirá a demolição das arquibancadas voltadas para a Rua Presidente Backer.

A obra faz parte de um sistema de drenagem que abrangerá seis quilômetros de vias, incluindo as ruas Lopes Trovão, Presidente Backer, Paulo César, Mariz e Barros, Santa Rosa e a Avenida Roberto Silveira. O objetivo é mitigar alagamentos em uma das áreas mais afetadas por chuvas intensas na cidade.

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